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Capital

Lojas especializadas acham que zerar alíquota não interfere na venda de armas

De acordo com alguns empresários do setor, outros impostos deveriam ser reduzidos para que houvesse diferença mais considerável

Ana Oshiro | 10/12/2020 12:10
Lojas especializadas acham que zerar alíquota não interfere na venda de armas
Redução de imposto vale para importação de revólveres e pistolas (Foto: Arquivo/Marina Pacheco)

Um dia após a divulgação do Governo Federal, que zerou a alíquota de importação de revólveres e pistolas no Brasil, empresários do setor, em Campo Grande, dizem que novidade não deve fazer com que as vendas cresçam.

"Na prática vai diminuir muito pouco para quem importa bastante. Para quem importa pouco não vai ter diferença nenhuma, assim como não terá mudanças consideráveis para quem só vende armas importadas", disse Bruno Henrique de Andrade, proprietário da Nacional Armas

A família de Bruno tem outras duas lojas de armas em Campo Grande, apenas uma delas faz importação, mas, nas três empresas, a venda de armas importadas representa menos de 10% do faturamento total.

Um dos poucos empresários que faz importação de armas em Campo Grande, Gilberto de Andrade diz que, mesmo com o imposto zerado, não vai mudar o volume de armas importadas que compra anualmente.

"A alíquota zerada melhora um pouquinho, mas não faz tanta diferença pra gente que faz importação. O mercado de armas importadas é pequeno, esse tipo de armamento é mais caro mesmo e essa redução não é suficiente para aumentar as vendas de maneira considerável", explica Gilberto.

Outro empresário do setor, Wagner dos Santos Barros, não faz importação, mas compra de quem importa o armamento, também diz que para sentirem uma diferença no preço, e as vendas aumentarem, seria preciso que outros impostos tivessem redução.

De acordo com os empresários, o grande impacto no preço das armas é o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que hoje equivale a 45%, assim como o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que varia entre 17% e 25% em Mato Grosso do Sul.

"Preço reduzido, em armas importadas, é certo, mas não fará as vendas aumentarem, já que as armas importadas custam cerca de R$ 10 mil a mais do que armas nacionais, por esse motivo a redução da alíquota não anima tanto os empresários da cidade, mas gera uma certa expectativa de que outros impostos possam ser reduzidos em um futuro próximo", comenta Wagner.

Todos os empresários, entrevistados nesta reportagem, dizem ainda que atualmente não existe mais concorrência com a venda de armas no Paraguai. De acordo com eles, a concorrência maior é com outras lojas de armas que abriram após as regras para compra e venda de armamentos serem flexibilizadas.

Segundo Bruno, dois fatores influenciam na diminuição da concorrência com o país vizinho. A alta do dólar fez com que as armas no Paraguai acabassem custando mais caro do que as armas aqui no Brasil, o outro ponto é a legalização do armamento.

"Lá eles vendem, mas não tem como a pessoa regularizar a arma aqui, a pessoa sempre vai ser ilegal, e hoje em dia o pessoal quer ter a arma de maneira legalizada", diz outro empresário do ramo.

Lojas especializadas acham que zerar alíquota não interfere na venda de armas
Jair Bolsonaro usou rede social para anunciar redução de imposto (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Imposto zerado - O anúncio da redução da alíquota, de 20% para 0, foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ontem (9). Bolsonaro divulgou uma foto em uma rede social, segurando uma arma, para anunciar a medida, junto com outros bens que tiveram imposto de importação zerado em seu governo, como equipamentos de combate à Covid, arroz, milho e soja.

A taxa de importação para pistolas e revólveres foi zerada. A decisão não inclui alguns tipos de armas, com espingardas e carabinas, que continuam com a alíquota de 20%. Dados do Exército mostram que neste ano já foram registradas 155 mil novas armas, 60% a mais do que os registros de todo o ano passado.

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