Luiz Afonso confessa que matou e queimou corpo de arquiteta
Após duas horas de depoimento ao juiz Carlos Alberto Garcete, o empresário Luiz Afonso Andrade confessou que matou a ex-mulher Eliane Nogueira, que foi encontrada carbonizada dentro do próprio veículo em julho do ano passado. Até hoje, só havia uma confissão extra-oficial à Polícia Civil e uma entrevista, dada pelo empresário, no dia 2 de agosto ao Campo Grande News em que ele revelava que podia mudar o depoimento em juízo, indicando que assumiria ter matado a esposa.
No depoimento de hoje, Luiz Afonso confirmou todos os detalhes do crime que chocou Campo Grande em 2010. Ele revelou os passos que deu na madrugada do dia 3 de julho, quando saiu de uma festa na companhia de Eliane e outro casal.
De acordo com o advogado João Milagres, que atua como assistente de acusação, Luiz Afonso revelou que não havia confessado o crime ao delegado Wellington de Oliveira, responsável pela investigação à época do assassinato, por sentir que sua inteligência era subestimada.
“Ele disse que não falou nada porque a prova que o delegado apresentava era uma nota posto de combustível por compra de gasolina. Sendo que o laudo apontou que foi outro líquido usado para queimar o corpo de Eliane.
O empresário relatou que saiu da festa onde os dois foram fotografados juntos pela última vez na companhia de um casal de amigos. Na data da festa, eles já estavam separados há três dias, mas mantiveram as aparências, pois o evento era muito importante para a empresa de iluminação de Luiz Afonso.
Depois de saírem da festa, os dois casais foram a um restaurante, mas encontraram o estabelecimento fechado, sendo que cada casal tomou um rumo diferente. Na Rua Arthur Jorge, Luiz Afonso e Eliane começaram a discutir e se agredir com tapas. O empresário conta que aplicou uma gravata na arquiteta, que desmaiou.
Acreditando ter matado a ex-mulher, Luiz Afonso circulou por Campo Grande até tomar a decisão de queimar o corpo da arquiteta. Antes de chegar em sua empresa para buscar a aguarrás utilizada para provocar o incêndio, ele checou o pulso de Eliane, e constatou, preliminarmente, que a mulher estava morta.
O empresário parou na conveniência na Avenida Três Barras, comprou cigarros e fósforo e rumou para o local onde ateou fogo em Eliane. Ele jogou o combustível nos bancos e no corpo desmaiado da arquiteta. O laudo necroscópico aponta que Eliane inalou fumaça, provando que ela estava viva quando foi queimada.
João Milagres disse que Luiz Afonso contou ter se arrependido e tentou tirar o corpo de Eliane do incêndio. Mas o forte calor o repeliu e ele foi embora do local. A imagem do circuito de segurança mostra o empresário passando a pé na mesma conveniência que minutos antes tinha parado de carro.
“Ele se disse arrependido, mas não expressa isso. É uma pessoa muito fria”, disse o assistente de acusação.
Luiz Afonso pode ser levado a júri popular. A decisão ainda pode demorar alguns meses. Ele deve ser indiciado por homicídio triplamente qualificado. Desde o crime, o empresário está detido no Instituto Penal de Campo Grande.