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Capital

Mulher torturada até à morte pelo marido "vivia com medo" no Portal Caiobá

Francielli vivia em casa de muro alto, portão fechado e câmeras de segurança, no Portal Caiobá

Silvia Frias e Bruna Marques | 28/01/2022 09:34
Na casa no Portal Caiobá, muro alto, portões sem grades e câmera de segurança na frente. (Foto: Paulo Francis)
Na casa no Portal Caiobá, muro alto, portões sem grades e câmera de segurança na frente. (Foto: Paulo Francis)

Na vizinhança da casa onde morava Francielli Guimarães Alcântara, 36 anos, a mulher quase não era vista, embora morasse no local há cerca de 8 anos. Ontem, a rotina de violência vivida por ela veio à tona, quando Francielli morreu, depois de passar 27 dias sob tortura.

O marido, Adailton Freixeira da Silva, 46 anos, é procurado pelo crime, ocorrido na casa na Rua Cachoeira do Campo, no Portal Caiobá. O imóvel é fechado, com portão sem grades e é possível ver câmera de segurança na entrada.

A informação extraoficial obtida pela reportagem é que o equipamento foi instalado em cada cômodo da casa.

Poucos vizinhos quiseram falar com a reportagem do Campo Grande News. A maioria desconversou, só respondendo que “não tinha nada para falar”.

Uma das poucas a dar mais informações, a vendedora Gabriela Arce, 18 anos, trabalha em loja de roupas vizinha da casa há 2 meses e disse que quase não via Francielli. “Ela era muito fechada na casa dela; o marido, eu vi uma vez”, lembrou. A jovem disse que os vizinhos ficaram muito chocados com o crime. “Pessoal tinha muito carinho por ela, era pessoa tranquila, gentil", contou.

O marido era soldador e agiota e, quando viajava a trabalho, Francielli não mudava muito o comportamento recluso.

“Ela até interagia, mas não muito, estava sempre isolada, com medo; quando ele voltava, ficava bem mais isolada”, disse Gabriela. “Você olhava ele, você não pensava que era capaz de fazer isso com ela”. Nesse tempo que passou ao lado do casa, disse que nunca ouviu nenhum barulho suspeito.

Um empresário de 37 anos, que tem comércio há 2 anos próximo da casa e não quis se identificar, também disse que pouco via Francielli. “Eu não sei nem a fisionomia dela, nem sabia que tinha bebê na casa”, contou. O vizinho contou que só via Adailton saindo e entrado de moto e o adolescente de 17 anos, filho da vítima.

Francielli (à esquerda) foi vítima de torturas durante quase um mês, presenciada pelos filhos. (Foto/Reprodução)
Francielli (à esquerda) foi vítima de torturas durante quase um mês, presenciada pelos filhos. (Foto/Reprodução)

A morte – Francielli morreu na madrugada desta quarta-feira (26), estrangulada com uma corda. O caso chegou até à 6ª Delegacia de Polícia Civil depois que a equipe do SVO (Serviço de Verificação de Óbitos) viu os ferimentos no corpo de Francielli. Adailton é considerado foragido pela Polícia Civil. Ele foi embora do local do crime por volta da meia-noite de quarta-feira, em uma moto Honda CB 300 de cor preta, e não foi mais visto.

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