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Capital

Mulher morre depois de ser torturada por um mês, com choques e queimaduras

Vítima era mantida em cárcere privado, levou choques, facadas e pancadas antes de morrer estrangulada

Ana Oshiro | 27/01/2022 14:41
Casal viveu junto por quase 20 anos, antes de "Baianinho" matar Francielli. (Foto: Divulgação/PCMS)
Casal viveu junto por quase 20 anos, antes de "Baianinho" matar Francielli. (Foto: Divulgação/PCMS)

Francielli Guimarães Alcântara, de 36, morreu depois de passar os últimos 27 dias sendo torturada pelo marido, Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, conhecido como "Baianinho", que trabalha como soldador e agiota, na Rua Cachoeira do Campo, no Bairro Portal Caiobá, em Campo Grande.

A morte de Francielli aconteceu na madrugada desta quarta-feira (26), ela foi estrangulada com uma corda. O rosto da vítima não será mostrado a pedido dos familiares. De acordo com o delegado Camilo Kettenhuber, que atendeu a ocorrência, a vítima foi torturada na frente dos dois filhos, um de 17 anos e um bebê de 1 ano e 8 meses. O adolescente chegou a tentar reanimar a mãe, mas ela já estava morta e o jovem chamou o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

O caso chegou até à 6ª Delegacia de Polícia Civil depois que a funerária viu os ferimentos no corpo de Francielli. Adailton, responsável pela morte da esposa, é considerado foragido pela Polícia Civil. Ele foi embora do local do crime por volta da meia-noite de quarta-feira, em uma moto Honda CB 300 de cor preta, não foi mais visto.

"Baianinho" é considerado foragido pela Polícia Civil. (Foto: Divulgação/PCMS)
"Baianinho" é considerado foragido pela Polícia Civil. (Foto: Divulgação/PCMS)

"Desde o dia 1º de janeiro desse ano, a Francielli era mantida em cárcere privado, ela não podia sair pra lugar algum e nem falar com ninguém. O adolescente, filho do casal, também era mantido prisioneiro dentro da residência. A Polícia Militar chegou a ir ao local cerca de 3 vezes, mas Francielli, com muito medo das ameaças e torturas que recebia, dizia que estava tudo bem e dispensava a viatura", explica o delegado.

Segundo a perícia médica, as nádegas de Francielli não tinham nem pele devido à queimaduras dos choques que ela recebia do marido. "Ela usava bandagens nas feridas, encontramos e apreendemos esses curativos. Além disso, ela tinha diversas perfurações de faca pelo corpo, marcas de pancadas na cabeça, teve o cabelo cortado e dentes quebrados pelo marido durante as torturas", detalhou Camilo.

"Acho que sua mãe morreu", foi o que ele disse pro próprio filho, de acordo com o delegado. Depois da frase e de ser questionado pelo adolescente sobre o que ele tinha feito, o homem pegou o capacete e foi embora. Nas imagens abaixo, recolhidas pela polícia nesta quinta-feira (27), é possível ver Adailton indo embora da casa e deixando o portão aberto. A Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) ficará responsável pelo caso.

Motivo do crime - De acordo com as investigações, uma traição por parte de Francielli foi o que motivou todas as torturas. Ela teria confessado para o marido que havia traído ele e que o bebê seria filho do ex-amante.

"Ele chegou a ameaçar a criança de morte", conta o delegado Camilo. O homem que era amante de Francielli foi identificado pelos familiares da vítima e ouvido pela polícia. A criança está sob cuidados de uma tia da vítima, assim como o adolescente, que é filho do casal.

Conforme o delegado, diversos objetos que comprovam as torturas, o cárcere e o feminicídio foram apreendidos durante perícia no local do crime, como a corda usada para matá-la, pedaço de madeira que era usada para espancá-la e roupas com sangue. Tudo será encaminhado para a Deam ainda esta semana. "É um dos crimes mais sinistros que já investiguei", finalizou Camilo Kettenhuber.

*Matéria editada às 16h20 para acréscimo de vídeo

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