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Capital

Na Capital, ao menos 2 pessoas são presas por mês por furtar comida

Levantamento da Defensoria Pública de MS mostrou que, em 1 ano, 32 pessoas foram presas por furto de alimentos

Anahi Zurutuza | 13/05/2022 17:19
Para "proteger" carnes nobres, estabelecimentos usam alarmes (Foto: Cleber Gellio/Arquivo)
Para "proteger" carnes nobres, estabelecimentos usam alarmes (Foto: Cleber Gellio/Arquivo)

Análise feita pela Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul acende alerta para um dos males causados pela crise econômica que o País atravessa: a fome. De acordo com o levantamento elaborado pelo Nucrim (Núcleo Criminal), entre março de 2021 e março de 2022, 32 pessoas foram presas e passaram por audiência de custódia (que analisa a legalidade da prisão em flagrante) por terem furtado comida.

A maioria dois casos aconteceu em supermercados, onde os suspeitos são flagrados por funcionários ou sistema de vigilância eletrônico. “Embora não seja possível afirmar que houve uma elevação do número de ocorrências relativas a furtos de alimentos em relação aos anos anteriores – em especial porque as estatísticas compreendem o período de 2021 e 2022 (portanto, já durante as consequências econômicas decorrentes da pandemia) – os números levantados chamam a atenção e podem ser indicativos de que a crise financeira se faz notar, também, sob o aspecto dos furtos cometidos por famintos”, destaca o coordenador do Nucrim, Gustavo Henrique Pinheiro Silva.

O defensor público lembra que os casos que chegam até as audiências de custódia são apenas deste tipo de furto. Não é raro quando a situação é resolvida no próprio local, como por exemplo, quando os seguranças do estabelecimento tomam os produtos de volta e “liberam” o ladrão ou “forçam” o pagamento. “Os números acendem um alerta, principalmente, porque as audiências de custódia que tiveram como pano de fundo os furtos de gêneros alimentícios acabam por representar 1 % do universo de casos criminais submetidos ao crivo judicial”.

Os 32 presos, 27 custodiados tiveram a liberdade provisória concedida já na audiência de custódia, enquanto os demais, conforme a análise, embora com a prisão preventiva decretada, obtiveram a liberdade provisória pouco tempo depois.

A maioria deles declarou estar desempregados ou em situação de rua – em apenas 4 dos casos, os presos disseram ter trabalho. Além disso, o furto de carne foi o mais comum – 20 dos casos. “Na maioria dos casos analisados, as carnes sequer eram tidas como cortes mais ‘nobres’, ou seja, em algumas ocorrências envolviam pescoço de frango, coração bovino, charque, coxão duro, entre outros”, comentou o coordenador.

Um dos exemplos divulgados pela Defensoria Pública está o de Maria*, de pouco mais 30 anos. Sem ficha criminal, ela foi presa, em abril do ano passado, porque furtou duas peças de carne suína e um pedaço de muçarela em um atacadista da Capital. A assistida relatou que estava desempregada há 8 meses e tinha quatro filhos, de 6, 8, 11 e 19 anos, para sustentar. Após um dia na cadeia, ela foi solta em audiência de custódia.

*Maria é um nome fictício.

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