“Não sei quando, onde e como, mas vamos encontrar”, diz filha de idoso que sumiu
Aluízio Pereira da Cruz, de 88 anos, tem Alzheimer e Parkinson, e desapareceu no dia 5 de novembro
Há 22 dias realizando buscas, família ainda não localizou Aluísio Pereira da Cruz, de 88 anos, que tem Alzheimer e Parkinson. Ele desapareceu no dia 5 de novembro. Sem obter resultados nas rondas pelo bairro em que mora, filhos e netos começam a expandir a procura para regiões mais distantes.
No início das buscas os familiares chegaram a ficar oito dias sem trabalhar, mas com o passar do tempo precisaram voltar com a sua rotina. Porém com uma pequena alteração. Agora, logo depois que saem do serviço, vão para os bairros continuar as buscas por seu Aluízio.
Ivanir de Souza Pereira, de 50 anos, é filha do idoso e conta que já foram em todos os hospitais, no Cetremi (Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante e População de Rua), nos postos de saúde e até no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal). A filha ainda diz que o departamento de polícia de homicídios entrou em contato com ela para informar que iriam começar a analisar imagens de câmeras de segurança da região.
Sem ter novidades sobre seu pai, Ivanir relata que imagina que ele não esteja mais na cidade. “A gente acha que o pai não está mais aqui em Campo Grande, ele deve ter pego carona com alguém e ido para outro lugar”, diz. E ainda destaca que em todos lugares que vão deixam um cartaz com a foto de seu pai e o seu telefone.
Morando há 50 anos na mesma região, a filha conta que a aflição vai além dos familiares, alcançando toda a comunidade. "A gente está vivendo porque tem que sobreviver mesmo. Vamos ter que achar, de qualquer jeito teremos que achar, ninguém some assim: ‘buh! Sumiu’ em algum lugar ele tem que estar”.
Apesar de dizer que procura não pensar tanto nessa situação para não enlouquecer, ela continua vivendo um dia após o outro na esperança de localizar o seu pai. “O que a gente espera é encontrar ele de qualquer jeito, de qualquer forma, a gente tem que encontrar ele”.
A aflição gerada pelo desaparecimento de Aluízio aumenta quando olha para sua mãe, que tem 87 anos. “O que mais faz a gente sofrer é o sofrimento dela, porque você vê todos os dias, mais um dia, mais uma noite e você vê o desespero e o sofrimento da sua mãe e não pode fazer nada para acalmar”, diz com voz embargada. Ao lado dele há 65 anos, essa é a primeira vez que o casal fica separado.
O que agrava mais a situação é o desespero de não saber o que aconteceu com o idoso. “Quando você tem uma pessoa doente em casa, quando você está com uma pessoa debilitada e ela parte para outra vida, que ela falece então você ter força, você tem alguma coisa, você sabe onde ele tá, pra onde ele foi, mas no nosso caso a gente não sabe de nada, aí o desespero é bem maior”, falou com tristeza.
Sumiço – Ivanir contou que o pai mora em uma casa em frente à sua e que ela é responsável por dar as medicações necessárias para o idoso. Na noite de sábado, após tomar o seu remédio, Aluízio insistiu para assistir ao jogo de futebol antes de dormir. “Dei o remédio para ele e depois ele já se espichou no sofá para assistir ao jogo”, explica.
Com o idoso moram sua esposa, também idosa, e seu outro filho. Em determinado momento da noite, o irmão de Ivanir saiu para comprar um lanche, sua mãe já dormia, porém o idoso continuou assistindo ao jogo. Quando o rapaz retornou para casa, Aluízio não estava mais na residência.
Segundo Ivanir, seu pai nunca havia saído assim antes e ele costuma somente ir até o portão para cumprimentar os vizinhos. Morando há 50 anos no mesmo local, a filha diz que Aluízio é bastante conhecido na região. Antes de sair de casa Aluízio usava uma camisa social de manga longa, uma jaqueta vermelha e um boné do Palmeiras.