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Capital

No dia de acidente trágico, garota tinha arrumado cabelos para o Natal

Luana Rodrigues | 15/12/2015 14:23
Mariany Oliveira não resistiu ao grave acidente e morreu na hora, aos 16 anos. (Foto: Reprodução/ Facebook)
Mariany Oliveira não resistiu ao grave acidente e morreu na hora, aos 16 anos. (Foto: Reprodução/ Facebook)
Coroas chegam de hora em hora a velório de Mariany. (Foto: Gerson Walber)
Coroas chegam de hora em hora a velório de Mariany. (Foto: Gerson Walber)

É ao redor do caixão - sentados, sem sair por um momento sequer - que, juntos, os pais e os sete irmãos tentam se despedir da menina doce, meiga e alegre que era Mariany Oliveira, 16 anos. O velório, realizado em uma igreja evangélica no Jardim Tarumã, mostra o quanto a família é apegada com Deus, assim como era a menina. Já as cinco coroas em torno da tristeza da família, representam o carinho que todos tinham pela estudante que perdeu a vida em um acidente de carro, causado pelo namorado.

Como que em despedida, no final de semana antes da tragédia, Mariany deixou um pouquinho de si para a mãe, a irmã e a priminha de 2 anos, a quem era tão apegada. No sábado(12), ela ajudou a irmã a fazer um mural de fotos para o quarto. "Fizemos tudo juntas e ficou tão lindo", conta Luanda Caroline, 22, irmã de Mariany.

Já no domingo(13), a moça fez questão de pintar as unhas da pequena Amanda, a quem doou toda sua vaidade. "Ela fazia penteados, se maquiava muito bem e acabou ensinando a Amanda a ser vaidosa também. Hoje tive que contar pra minha filha, levei ela perto do caixão e expliquei que a Mari está com o papai do céu agora, ela fez biquinho de choro, não sei se ela entendeu, mas eu precisava contar", disse a tia de Mariany, Maria Norma, 39, com as lágrimas já saltando dos olhos.

Ontem Mariany foi ao cabeleireiro de manhã. "Ela queria ficar ainda mais linda para o Natal e Ano Novo". Depois usou o celular - do qual não desgrudava - para pedir a mãe para ir na casa da melhor amiga Sara, como era de costume. Na mensagem a menina dizia que já tinha deixado tudo arrumadinho em casa e a mãe autorizou sem questionar. "E ficou tudo muito organizado mesmo, como nunca tinha visto", diz Luanda.

Mas Mariany não chegou na casa de Sara. O namorado, com quem estava há cerca de três meses, foi buscá- la em casa de carro, pela primeira vez. "Ela me disse que estava gostando dele, aquilo de adolescente apaixonada, mas disse que estava em oração para que Deus abençoasse e desse tudo certo, se fosse da vontade dele. No domingo ele até veio na igreja", conta a irmã de Mariany.

Segundo Luanda, essa foi a primeira vez que o rapaz foi buscá-la de carro, e a tragédia aconteceu. A família não acredita que Mari tenha mentido que iria na casa da amiga, acha que ela estava apenas pegando uma carona com o adolescente.

Se há culpa do jovem, a família não condena. "Ele acabou destruindo nossas vidas, levou parte de nós, porque não me sinto mais completa. Mas sei que ele e a família também estão sofrendo. Esperamos em Deus para que nos traga de volta a harmonia e o conforto que precisamos", afirma Norma.

E mesmo que o conforto ainda não tenha chegado, a família já encontra forças para que a morte da adolescente não seja "em vão". "Vamos fazer um trabalho com os jovens, começando aqui pela igreja, para que isso sirva de aprendizado para eles, para que não se arrisquem dessa forma. Porque é muito doloroso, é como se eu, luanda, não estivesse mais inteira, é como se ela tivesse levado parte de mim". A família quer alertar para não dirigir sem habilitação e obedeçam os pais.

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