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Capital

Obras da praça Ary Coelho começam em meio a protestos dos ambulantes

Paula Vitorino | 30/08/2011 11:46

Amanhã área será fechada e ordem da Prefeitura Municipal é para nenhum ambulante permanecer no local

Vendedora diz que não sai da Praça. (Fotos: João Garrigó)
Vendedora diz que não sai da Praça. (Fotos: João Garrigó)

A terça-feira (30) foi de início de obras, mas também de protestos na praça Ary Coelho. A saída dos ambulantes do local é uma das exigências para a reforma, mas muitos afirmam que não vão sair da praça. “Daqui eu não saio, não tenho pra onde ir. Preciso desse dinheiro para sustentar minha família”, diz em tom de revolta a vendedora de chipas Neuza Maria dos Santos, de 52 anos.

A praça ficará fechada durante o período da obra, com prazo de 12 meses, e os 43 ambulantes não poderão ficar na calçada ou aos arredores. A empresa responsável pelas obras, Loma Engenharia, já fez a demarcação da área que será fechada e amanhã deve colocar os tapumes.

Apenas a calçada, com o espaço dos pontos de ônibus, ficará livre para passagem. Os ambulantes questionam por que não podem permanecer nesse espaço até a conclusão das obras.

“Olha aqui o espaço que vai sobrar, a gente pode ficar aqui. Não entendo o porquê de não podemos ficar. Todo mundo precisa do dinheiro que ganha, dos centavos vendendo um picolé, uma chipa”, questiona a vendedora de chipas há 1 ano e meio, Sirley Pereira de Araujo, de 48 anos.

A vendedora de salgados, Jessica Benites, de 18 anos, conta que os fiscais passaram avisando há algumas semanas que iriam fechar o local e que os ambulantes precisariam sair antes.

“Falaram que esta semana não éramos para vir mais, que já estaria fechada. Mas ontem e hoje viemos e ainda estava aberta. Queremos ficar”, diz.

Hoje, ela estava indo embora com seu carrinho de salgados. Jessica disse que já tentou ir para outros locais no centro, próximo a praça, mas que a fiscalização também não deixa. Sem local para ir, ela afirma que “só Deus para onde vou”.

A vendedora de pipoca, Almira Aparecida Carvalho, de 45 anos, diz que também procurou outro ponto na segunda-feira, mas foi impedida de vender. “Meu carrinho pesa 70 quilos, não tenho como ficar empurrando ele para um lugar mais longe. É desrespeito com a gente”, frisa.

Alguns ambulantes ainda acusam a fiscalização de ameaçar os vendedores que insistem em ficar no local. “Falaram que se eu não sair vão leva todas as minhas coisas. O fiscal disse que sou muito teimosa, mas vou ter que obedecer. Pedi se posso ficar na outra rua, mas disseram que não também. Falam pra gente se virar, sumir”, diz Neuza.

Vendedora questiona porquê ambulantes não podem ficar na calçada.
Vendedora questiona porquê ambulantes não podem ficar na calçada.

Ponto bom - Sair da Praça Ary Coelho também significa diminuir as vendas para os ambulantes. A maioria dos vendedores está no local há 2 anos, desde que a antiga rodoviária fechou, e já conquistaram clientes na Praça.

“Aqui é onde está a concentração de pessoas. É um ponto de movimento e as pessoas já sabem que estamos aqui vendendo. Se formos para outro lugar não vai ser a mesma coisa, vai diminuir as vendas”, diz Jessica.

Ela ressalta que depende do dinheiro para sustentar três filhos e que muitas vendedoras vivem a mesma realidade.

Já Neuza diz que não quer ficar novamente “na rua”. A vendedora conta que depois que os ambulantes foram retirados da rodoviária ela ficou sem lugar para vender. “Já me tiraram da rodoviária, agora não vão me tirar daqui”, diz.

Há 2 anos ela trabalha na Praça Ary Coelho, com uma toalha estendida em uma das muretas envolta das árvores na calçada, mas hoje colocou as chipas e o café em um carrinho para conseguir se “migrar” de local.

Resposta - A assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal nega que os ambulantes estejam recebendo ameaças e diz que a administração está conversando com os vendedores há meses para avisar sobre a saída do local.

De acordo com a Prefeitura, são 43 ambulantes regulares na Praça e todos estes voltarão a trabalhar no local após a reforma.

No entanto, enquanto a reforma não termina, os vendedores terão que sair do local. Ninguém vai poder vender nas calçadas. A assessoria afirma que até o fim desta semana a administração deve definir um local para acomodar os vendedores.

Está sendo estudada a possibilidade dos ambulantes irem para a Praça Matriz, em frente a Catedral Santo Antônio ou para a Praça do Índio, em frente ao Mercadão Municipal.

Mas o prefeito Nelson Trad Filho disse hoje de manhã que “infelizmente os ambulantes vão ter que arrumar por conta própria outro lugar para ficar durante a obra. Não tem como reformar com eles lá”.

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