Paciente esperou atendimento 30 minutos antes de infartar em UPA, diz filha
Protocolo apresentado pela Sesau registra que o tempo de espera foi menor, no entanto
José Carlos Novello, 71, morreu na área de espera da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino, em Campo Grande, na madrugada deste sábado (24). Ele sofreu um infarto enquanto esperava por atendimento no local.
É ele quem aparece caindo no chão nas imagens acima. A filha, Eliane Novello, surge de roupa preta, falando "eu pedi [atendimento] para ela".
Em contato com a reportagem, a mulher relatou ter entrado na sala de classificação de risco para falar uma profissional da enfermagem, assim que saiu da recepção. O pedido que ela cita no vídeo foi feito nesse momento.
"Falei que meu pai tinha todas as características de infarto e que precisava de atendimento com urgência", disse. Elaine alega que a profissional respondeu que é "uma só" e "tem pacientes mais graves que seu pai aqui", o que causou indignação.
30 minutos - O idoso passou cerca de 30 minutos dentro da UPA Coronel Antonino antes de sofrer a parada cardiorrespiratória, segundo a filha. "Ele tinha boa saúde, acredito estaria vivo hoje se tivesse recebido atendimento na hora que chegou. Nós chegamos desesperados por atendimento", disse.
Comerciante, de 43 anos, Elaine mora próximo à unidade, na Avenida Capital, que também fica perto da casa onde o pai morava.
Ela afirma ter agido prontamente ao receber ligação do idoso no início da madrugada. "Meu pai falou que estava com dor de estômago, no peito, com as mãos formigando e que havia defecado de tanta dor. Eu falei: 'pai você parece estar infartando, eu já vou'", conta.
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) enviou trecho do protocolo do paciente que passou pela UPA, que contesta a espera de 30 minutos. "Deu entrada por meios próprios às 2h15, sofreu parada cardiorrespiratória na recepção às 2h18, iniciado ressuscitação cardiopulmonar às 2h20 [...] óbito às 2h45", registra parte do texto.
A espera foi menor, segundo a pasta. "Entre a chegada do paciente e o início da parada cardiorrespiratória foram três minutos. Não houve tempo de reverter. Fizeram os procedimentos de reanimação, mas sem sucesso", pontua.
Boa saúde - Elaine afirma que o pai tinha "saúde de ferro" e que realizava check-ups a cada seis meses, sendo que em nenhum foi apontado alguma alteração que elevasse risco para infarto.
Os familiares ainda não sabem o que causou a parada cardiorrespiratória. O laudo da morte, que ainda não saiu, irá indicar.