Polo gastronômico e cultural, Orla Ferroviária vai virar “rua 24 horas”
Obra vai desapropriar 26 imóveis entre a Rua Maracaju e a avenida Mato Grosso

O projeto da Orla Ferroviária, iniciado há seis meses, vai transformar a antiga via férrea de Campo Grande num pólo gastronômico e cultural. A intenção da prefeitura, ao longo do tempo, é que a nova via se torne uma “rua 24 horas”.
“A ótica ainda não é esta, mas temos este objetivo: de dar vitalidade econômica àquele local com atividades também no período noturno”, declarou a diretora-presidente do Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano), Marta Martinez, apostando que a rua “tenha vida própria” após a conclusão da obra, prevista para abril do ano que vem.
Ela afirmou que uma pesquisa está sendo desenvolvida para apontar que tipo de empreendimento a Orla Ferroviária poderá comportar depois de pronto o projeto arquitetônico.
Martinez admitiu que, por enquanto, a grande maioria dos cerca de 40 comerciantes da avenida Calógeras se mostrou reticente quanto à possibilidade dada pela prefeitura em abrir a parte dos fundos das lojas para que, no futuro, os estabelecimentos tenham entrada também pela orla.
“Depois de concluída a obra, as pessoas vão se atentar ao valor comercial e será tendência aos proprietários das lojas aderirem. Apenas cerca de dez comerciantes mostraram ter interesse até agora”, explicou, destacando que a pesquisa vai apontar linhas de incentivo para a criação de novos empreendimentos na antiga via férrea.
Segundo informações da Planurb, no trecho da Rua Maracaju à avenida Mato Grosso, serão 26 imóveis desapropriados. Metade deles de forma integral e outras parcial.
“Cinco imóveis já desapropriados e outros a partir da publicação da prefeitura em Diário Oficial”, comentou, pontuando que a prefeitura fez levantamento, antes mesmo da execução do projeto, e entrou em contato com moradores e comerciantes da região. “Via de regra o Poder Público faz a oferta aos proprietários e, caso eles aceitem, o valor é pago. Do contrário, é depositado em juízo”, complementou, ressaltando que este trabalho é feito pela Procuradoria Geral do Município.
Mudança - O gerente comercial da Betel, Júnior Leão, explica que, após orientações da prefeitura sobre a possibilidade da alteração, o estabelecimento optou por não fazer alterações nos fundos da loja como acesso pela orla.

Comerciantes e moradores da região estão orientados desde o início do ano sobre o assunto. Apesar do longo período, na prática, a adesão ainda é baixa.
Waldemar Siqueira, de 83 anos, um dos comerciantes mais antigos na avenida Calógeras, por outro lado, afirmou que a mudança é positiva. Há 60 anos no mesmo local, que comercializa calçados, arreios e artefatos de couro, ele disse que quer vivenciar “transformação da região.
Obra - A Orla Ferroviária, cujas obras avançaram nos últimos dias por conta do “pausa” nas chuvas, é vista como estratégia de valorização do espaço público e de animação cultural da cidade proposto pelo Plano de Revitalização do Centro.
Desenvolvido pela Coordenadoria de Projetos Especiais da Prefeitura de Campo Grande, o projeto tem investimentos na ordem de R$ 3.9 milhões, recursos financiados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) em obras de urbanização, paisagismo e mobiliários de lazer.
O projeto arquitetônico prevê cerca de 900 metros de novo uso do espaço do leito da ferrovia no trecho da Avenida Afonso Pena, a partir da Morada dos Baís, até a Avenida Mato Grosso com a construção de um calçadão com piso tátil, equipamentos de lazer e descanso, bancos, praça, área para atrações culturais, ciclovia, paisagismo e iluminação.
Segundo informações da Prefeitura, carros serão proibidos de trafegar na faixa.
Para ser tornar atrativa para a população, o local deverá contar com bibliotecas, cafés, lanchonetes, bares, floriculturas, lojas de artigos regionais e restaurantes. A calçada na orla terá mosaico português, pórticos, quiosques, bicicletário, painéis com a história das colônias, teatro de arena, playground e aparelhos de ginástica.