Prisão pela PF acelera cassação da carteira de advogado Jail Azambuja
Inscrição do advogado e ex-juiz já era alvo de questionamentos desde a sua chegada em MS
Com a inscrição na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) alvo de questionamentos desde a chegada em Mato Grosso do Sul, o advogado e ex-juiz Jail Benites de Azambuja, teve acelerado o processo de cassação da carteira da entidade, após sua prisão nesta terça-feira (13). O apontamento é do presidente da seccional de Mato Grosso do Sul, Mansour Karmouche.
Mansour destaca que a possível perda da carteira da OAB não se trata de um processo disciplinar, mas de um incidente de idoneidade moral que tramita na OAB-MS. “Desde quando ele se inscreveu em Mato Grosso do Sul já havia questionamentos sobre a inscrição dele, sobre a idoneidade moral. A prisão em Campo Grande deve acelerar o processo de cassação de sua carteira”, explicou o presidente da seccional de MS.
Azambuja, que já teve clientes famosos entre políticos no Estado, é acusado de tentativa de homicídio contra o atual desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Luiz Carlos Canalli. Ele também tinha mandado de prisão em aberto expedido pela justiça de Umuarama (PR).
E os clientes? O presidente Mansour orienta que os clientes acompanhados por Azambuja procurem um profissional que ficou em seu lugar. “Quem era cliente deve procurar alguém que ficou em seu lugar, algum colega. Essas pessoas devem procurar, inclusive, para informações de como fica os processos, enquanto não se resolve a questão da prisão e perda da inscrição do profissional”, disse.
Prisão - Advogado foi preso nesta terça-feira (13) pela Polícia Federal em Campo Grande. Não há detalhes sobre a prisão, já que o processo é julgado em segredo de justiça, mas conforme apurado pelo Campo Grande News, o mandado de prisão foi enviado a Mato Grosso do Sul e cumprido nesta tarde por equipes da Polícia Federal em Campo Grande.
Jail Benites foi juiz da 2ª Vara da Justiça Federal de Umuarama e em 2008 simulou um ataque contra a própria casa. No dia 28 de fevereiro pistoleiros teriam disparados contra a residência em que o magistrado morava. Os tiros atingiram o carro de Azambuja e um investigação sobre o crime começou.
Em março, 44 policiais e três políticos da região foram presos por suspeita de participação em esquema de contrabando de cigarros e produtos eletrônicos vindos do Paraguai. Foi Azambuja quem expediu os mandados de prisão para que “ajudar nas investigações do atentado”, no entanto, os suspeito acabaram liberados por falta de prova e dias depois um capitão da Polícia Militar terminou preso por coagir testemunhas sobre o caso.
No dia 19 de setembro, o então juiz federal Luiz Carlos Canalli também foi vítima de um atentado. Na época, ele era diretor do Fórum Federal de Umuarama e após cinco dias, Azambuja acabou preso em Curitiba como mandante do crime. Junto com ele, o motorista e jardineiro, Adriano Vieira, foi detido e confessou ser o autor dos tiros, mas negou o envolvimento do padrão.
Defendeu políticos - Em liberdade, Azambuja se mudou para Campo Grande e chegou a defender Gilmar e Andreia Olarte em 2016, quando foram presos durante a Operação Pecúnia, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). Ele também representou o ex-senador Delcídio do Amaral, que renunciou depois de ser acusado de tentar obstruir o trabalho de investigação da Lava Jato.
Ainda assim, Azambuja responde pela tentativa de homicídio. O julgamento do atentado aconteceria na sexta-feira (9), mas acabou adiando depois o réu alegou que seus advogados não tiveram tempo hábil para estudar o caso e articular a defesa.