Professora trans usa fantasia de Barbie em escola e vira alvo de políticos
Vereador acionou a Semed, que vai averiguar se houve irregularidade por parte da servidora
“Estou emocionalmente fragilizada e desestabilizada. É o que eu falo para as outras meninas trans. Muda o documento, luta pelo diploma, mas ainda assim vai ser violentada e ter o trabalho diminuído pelo preconceito”. A afirmação é da professora Emy Mateus Santos, de 25 anos, mulher trans que se tornou alvo de ataques de políticos de Mato Grosso do Sul por se fantasiar de Barbie na abertura do ano letivo.
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A professora trans Emy Mateus Santos, de 25 anos, foi alvo de ataques de políticos em Mato Grosso do Sul após se fantasiar de Barbie na abertura do ano letivo. Enquanto outras professoras também se fantasiaram, apenas Emy foi criticada. O vereador André Salineiro e o deputado João Henrique Catan denunciaram a situação, alegando que a escola não é lugar para tal comportamento. Emy, que leciona Artes Cênicas, Teatro e Dança, afirmou que tomará medidas legais contra os políticos e que os vídeos usados foram tirados de contexto. A Secretaria de Educação investigará o caso, destacando que fantasias são usadas como recurso pedagógico.
Ela conta que outras professoras se fantasiaram de princesa na Escola Municipal Irmã Irma Zorzi, no Bairro Sílvia Regina, em Campo Grande. Mas só ela foi exposta e alvo de “denúncias” do vereador André Salineiro (PL) e do deputado estadual João Henrique Catan (PL). Policial federal e no segundo mandato, Salineiro publicou vídeo em que mostra a professora ao lado de uma aluna, que fala a idade para os colegas.
Com ofício em mãos, que foi encaminhado à Semed (Secretaria Municipal de Educação), ele disse que a escola não é circo e vê, na cena, conteúdo de orientação sexual. “Não podemos aceitar isso como normal. Para deixar bem claro, a orientação sexual deve ser feita pelos pais às crianças e não pela escola”, afirmou.
Na gravação, ele se se refere à professora como artista e menciona que era um teatro na sala de aula. Já o deputado estadual discursou na tribuna da Assembleia Legislativa. “Quero saber quem é esse professor, eu quero saber que é esse diretor que permitiu que um professor entrasse dentro de sala de aula fantasiado de travesti”. Na rede social, o deputado mostrou vídeo das crianças abraçando a professora.
Ao Campo Grande News, Emy disse que vai tomar providências legais contra os políticos. Ela é professora de Artes Cênicas, Teatro e Dança. Contratada em processo seletivo da prefeitura, ela já lecionou no ano passado, mas em outro colégio. Emy afirma que apresentou o material solicitado pela equipe pedagógica e que os vídeos usados pelos políticos mostram as imagens da sala de aula fora de contexto.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que está ciente da situação mencionada e que, após os levantamentos, abrirá procedimento administrativo para maiores averiguações, com o objetivo de garantir a transparência e a correção dos fatos, se desacordo com as diretrizes curriculares e normas disciplinares.
“Em tempo, é importante destacar que diversos professores adotam o uso de fantasias e caracterizações como recurso pedagógico, buscando tornar o processo de ensino mais lúdico, dinâmico e envolvente para as crianças, desde que vinculado ao plano de ensino e currículo”.
Reação - O vereador Jean Ferreira (PT) divulgou nota de repúdio. "Emy, uma educadora dedicada, foi alvo de uma narrativa falsa e desumana, distorcendo seu gesto pedagógico de acolhimento às crianças. Catan ainda se recusou a tratá-la pelo gênero correto, um ato de violência. Isso não é só irresponsável, é criminoso. Enquanto finge preocupação, ignora os verdadeiros casos de violência infantil. Por isso, protocolaremos uma moção de repúdio e acionaremos a Comissão de Ética da Assembleia Legislativa".
Em junho de 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu pela criminalização da homofobia, incluindo atos preconceituosos contra homossexuais e transexuais ao crime de racismo. Além disso, também é possível enquadrar as ações homofóbicas ao crime de injúria, difamação, lesão corporal, entre outros, dependendo das circunstâncias do caso.
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