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Capital

Servidor descobriu doença em exame admissional e acabou na fila por transplante

A doença foi diagnosticada em 2012, se agravou durante a pandemia e agora ele conseguiu transplante

Por Fernanda Palheta | 11/03/2024 15:07
Servidor público Gilson Trajano ao lado do filho João em uma quadra esportiva (Foto: Arquivo)
Servidor público Gilson Trajano ao lado do filho João em uma quadra esportiva (Foto: Arquivo)

Um exame admissional mudou o vida do servidor público Gilson Trajano em 2012. Antes de assumir o cargo, ele teve de passar pelo médico e descobriu que os níveis de creatinina estavam aumentados, o que indicou o diagnóstico da insuficiência renal crônica. Com a evolução da doença, os rins praticamente pararam durante a pandemia de covid-19, o que levou Gilson à rotina de diálise três vezes ao dia, até que, em outubro de 2022, chegou a sua vez na fila do transplante.

"Meu filho estava com poucos meses quando fiquei ruim, não podia nem pegá-lo no colo, fiquei muito fraco. Ele queria estar perto de mim e não conseguia e isso me deixou muito triste", relata. Encontrar um doador compatível em tempo curto foi crucial para Gilson, que faz um apelo às doações de órgãos: "É uma nova chance de viver. O paciente que fica na máquina tem uma vida sofrida, fica muito debilitado, sem esperança".

Julia Cristina Alves Mendes Trajano, esposa de Gilson, conta como o gesto de uma pessoa mudou a vida da família. "Hoje a qualidade de vida é outra, conseguimos viajar tranquilos, ir a um clube, ele pode brincar e jogar bola com o João. Ele viu o filho crescer, algo que desejou muito. É muito importante ter a sensibilidade de deixar escrito ou falado o desejo de ser doador".

Em Mato Grosso do Sul 187 pessoas estão na fila à espera do transplante de rim, conforme dados Ministério da Saúde. Somente no ano passado, foram realizados 30 transplantes renais no Estado.

A médica nefrologista Welluma Lomarques de Mendonça Brito destaca que é preciso fazer exames de rotina sem esperar sintomas aparecerem, uma vez que doenças renais muitas vezes têm progressão silenciosa e o diagnóstico precoce é fundamental.

"Nesse início a gente ainda consegue agir e evitar a progressão para doenças mais avançadas, aquelas que necessitam de algum suporte de diálise. Não esperem ter dor. Se atentem a um cansaço excessivo; aumento de pressão; pressão que não está conseguindo controlar; urinar mais do que três vezes à noite, talvez um enjoo pela manhã. São sintomas inespecíficos que muitas vezes as pessoas estão sentindo e não atribuem ao rim", orienta.

Os principais exames para avaliação inicial são hemograma, glicemia, uréia e a creatinina, além da aferição da pressão arterial. "Uma a cada 10 pessoas tem algum grau de doença renal crônica e às vezes nem sabe", alerta a médica nefrologista.

O urologista e coordenador da Comissão de Transplantes Renais do Hospital Unimed Campo Grande, Thiago Frainer, explica que a boa saúde renal está ligada principalmente a hábitos saudáveis de vida, como moderar o consumo de sal e produtos multiprocessados, realização de atividades físicas regulares, manutenção da pressão arterial e realização de exames regulares.

"A hidratação deve ser o ponto principal para a saúde renal, principalmente com aumento dos casos de dengue, Covid-19 e dias de calor intenso, além disso, os cuidados devem ser redobrados com crianças e pacientes mais idosos". As principais doenças que levam à falência renal no Brasil são a hipertensão arterial e diabetes.

"Fatores como aumento da temperatura e poluição sobrecarregam ainda mais a função real, contribuindo para as doenças", finaliza.

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