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Capital

Sob escolta, homem que atropelou e matou esposa participa de reconstituição

Versão das testemunhas e do réu foram apresentadas à polícia nesta quarta (22), no Bairro Nova Campo Grande

Por Gustavo Bonotto e Ana Beatriz Rodrigues | 22/05/2024 22:25
Algemado, Williames Monteiro dos Santos deixa a viatura para participar da reconstituição. (Foto: Juliano Almeida)
Algemado, Williames Monteiro dos Santos deixa a viatura para participar da reconstituição. (Foto: Juliano Almeida)

A Polícia Civil reproduziu, na noite desta quarta-feira (22), a morte de Andressa Fernandes Teixeira no Bairro Nova Campo Grande. Vítima de feminicídio, a mulher de 29 anos foi atropelada ao tentar impedir que o esposo, Willames Monteiro dos Santos, 33 de idade, saísse de casa dirigindo bêbado no fim de abril.

Por volta das 19h, a primeira versão foi apresentada por testemunhas oculares. Um policial simulou a condução do Volkswagen Polo. Toda a cinemática durou cerca de duas horas.

Já às 20h45, o réu foi colocado no local do crime. Acompanhado de policiais penais, Willames chegou a usar colete a provas de balas durante a reconstituição. Ele entrou dentro do veículo e demonstrou sua versão. No banco do passageiro, um policial armado o acompanhou.

Para a reportagem, a delegada Analu Lacerda Ferraz disse que a encenação deve ajudar a entender o caso, cujo julgamento foi marcado para julho. "A intenção é justamente essa, poder trazer provas materiais ao Tribunal do Júri para que os jurados tenham contato com as duas versões e entendam de forma técnica o que a perícia conseguiu comprovar com a versão que mais materializa nos fatos".

Segundo a responsável pela investigação, Willames estava ciente de que Andressa havia sido atingida pelo veículo. "Está claramente comprovado que o réu tem sim condições de ver a vítima. As testemunhas foram categóricas na descrição. Ele assumiu o risco de matar e deve responder por homicídio doloso".

À imprensa, delegada Analu Lacerda Ferraz diz que réu tinha ciência do atropelamento. (Foto: Juliano Almeida)
À imprensa, delegada Analu Lacerda Ferraz diz que réu tinha ciência do atropelamento. (Foto: Juliano Almeida)

A perita Thayla Venâncio explicou que as duas versões apresentadas à polícia foram reproduzidas na tentativa de analisar convergências e divergências. "Nos casos em que a autoridade requisitante acha que ainda resta dúvida em relação à dinâmica ou em relação a inconsistências de diferentes versões, ela solicita a perícia criminal de reprodução simulada para resolver essas dúvidas. Nesse caso, vamos analisar também vestígios materiais para verificar sua compatibilidade".

Ainda de acordo com a profissional, todas as provas colhidas no dia da morte foram analisadas. "Tudo isso já foi consultado e hoje está sendo analisado se a versão que ele apresenta está compatível com esses vestígios observados no veículo em relação a ser um acidente ou a ser um homicídio doloso", complementou.

Por fim, a defesa de Willames caracterizou como vantajosa a reconstituição. "Ele fez exatamente o que foi relatado no inquérito policial e na audiência de custódia. Ele também alega que deu ré quando ele soube que atropelou a mulher depois que a filha dele bateu no vidro do carro e o avisou", destacou Paulo Macena.

"Ele desceu desesperado, viu a mulher debaixo do carro e engatou a primeira [marcha] para tentar tirar ela debaixo do carro, mas ela não saiu", finalizou o defensor.

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