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Capital

Visitas e ligações a 851 mulheres tentam evitar violência e quebra de medidas

Quem lida todos os dias com elas, sabe que o olhar deve ser diferenciado e percebe o que outros não veem

Lucia Morel | 02/11/2021 08:19
Equipe da Patrulha Maria da Penha em visita domiciliar. (Foto: Prefeitura de Campo Grande)
Equipe da Patrulha Maria da Penha em visita domiciliar. (Foto: Prefeitura de Campo Grande)

São 851 mulheres. Todas elas são acompanhadas com visitas pessoais e ligações pela Patrulha Maria da Penha. Em alguns casos, é nessa rotina de ir até a casa delas que se descobrem problemas, como numa vez em que um cárcere privado foi desfeito depois da conversa com os integrantes do serviço.

Quem lida todos os dias com essas mulheres, sabe que o olhar deve ser diferenciado e percebe o que outros podem não ver. A gerente da Patrulha Maria da Penha, a guarda municipal Tatiana da Silva Lima é quem conta o caso, lembrando que a vítima e o autor, quando abordados em casa, negaram o crime.

“Esse é o diferencial pra gente que atende todos os dias essas vítimas. O comandante de viatura percebeu que a mulher estava meio nervosa e mesmo ela e o autor negando qualquer problema, levou todos para a delegacia e lá, ela contou o que estava acontecendo”, disse.

Para se ter uma ideia, nesse caso, por não ter familiares em Campo Grande, a mulher mandou mensagem para a irmã, que mora em outra cidade, e pediu que ela acionasse a polícia e foi o que ela fez. Chegando lá, a patrulha notou o problema, que poderia ter sido deixado de lado, caso a equipe não fosse treinada o suficiente.

“Numa visita, é preciso perceber o olhar, o jeito daquela mulher e ver se tem algo errado. Temos que ter esse olhar diferenciado pra essas mulheres. Todos os dias, todos os dias temos contato com as vítimas e, por isso, percebemos detalhes que podem passar despercebidos pela maioria das pessoas”, enaltece Tatiana.

Para ela, é motivo de orgulho poder fazer esse trabalho, que apesar das alegrias, também conta com perdas. No ano passado por exemplo, uma das mulheres acompanhadas pela patrulha acabou assassinada, mesmo com medida protetiva em vigor. “A equipe é humanizada, mas apesar disso, precisamos ser imparciais, não podemos ter esse tipo de envolvimento, é preciso ter equilíbrio”, sustentou.

Segurança – Todas essas mulheres acompanhadas pela patrulha têm medidas protetivas em vigor contra os autores da violência, que em parte, são monitorados com tornozeleira. No entanto, nem a medida, nem o equipamento eletrônico são garantia de afastamento do agressor ou mesmo de que ele não cometerá algo pior.

A única garantia 100% é esse agressor preso”, sustenta o secretário municipal de Segurança e Defesa Social, Valério Azambuja, que comenta ainda que a vocação da patrulha é justamente acompanhar os casos e descobrir se as medidas protetivas estão sendo cumpridas efetivamente.

Por isso, além desse acompanhamento, outras formas de coibir maus resultados, é que a vítima, caso se veja ou esteja em risco, ligue para o 153, da Guarda Municipal ou para o 190, da Polícia Militar.

Outra forma de segurança para essas mulheres, é o uso da tornozeleira pelos autores, já que pelo sistema de geolocalização, qualquer aproximação aos endereços disponibilizados por elas, o sistema é acionado e uma viatura da patrulha vai até o local. O acionamento é feito pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), que monitora as tornozeleiras e então, a patrulha é avisada.

Gerente da Patrulha Maria da Penha, a guarda municipal Tatiana da Silva Lima. (Foto: Kísie Ainoã)
Gerente da Patrulha Maria da Penha, a guarda municipal Tatiana da Silva Lima. (Foto: Kísie Ainoã)

Atualmente, Campo Grande é uma das poucas capitais do Brasil que conta com a Casa da Mulher Brasileira, que concentra, além da Patrulha Maria da Penha, todos os serviços de denúncia e apoio às mulheres vítimas de violência.

Lá, funcionam também a Delegacia da Mulher, a 3ª Vara de Defesa e também Ministério e Defensorias Públicas voltados à violência de gênero. “Tem todo aparato para atender essa mulher”, destaca Azambuja.

Além de Campo Grande, há ainda duas Casas da Mulher Brasileira em Brasília (DF) e uma em cada uma das seguintes cidades: Curitiba (PR), São Luís (MA), Fortaleza (CE), São Paulo (SP) e Boa Vista (RR).

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