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Capital

Vítima acusa equipe de ser conivente com colega acusado de estupro no HR

Ela prestou depoimento na tarde desta segunda-feira e reafirmou que foi vítima de violência sexual

Jhefferson Gamarra e Mylena Fraiha | 19/06/2023 17:15
Mãe e filha durante uma das oitivas no Coren-MS. (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Mãe e filha durante uma das oitivas no Coren-MS. (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

Durante júri de instrução ocorrido nesta segunda-feira (19), a vendedora, de 36 anos, que denunciou um enfermeiro de 51 anos por estupro dentro do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), em fevereiro de 2021, afirmou que toda a equipe de enfermagem, assistente social e ginecologista foram coniventes com o suposto agressor após ela denunciar o caso.

Segundo a vítima, que terá o nome preservado para evitar exposição, após a agressão sofrida, a equipe de plantão do hospital realizou rapidamente a limpeza do local e pediu que ela tomasse banho para “apagar” os vestígios do estupro.

“Não lembro o nome da ginecologista, mas ela falou que não ia dar em nada e que não era pra eu fazer nada porque eu iria acabar sendo mais humilhada do que já tinha sido. Disse que eu estaria brigando contra o Estado, então era melhor eu ficar quieta”, relatou. “Quando eu pedi socorro, apenas uma enfermeira me acolheu, as outras 'caíram de pau', tanto a assistente social quanto a ginecologista. A primeira atitude deles foi limpar o quarto e me forçar a tomar banho e me higienizar. Diziam: 'vai esfrega, é pra lavar'", relembrou.

A mãe da vítima, que também prestou depoimento nesta segunda-feira, reafirmou que ao denunciar o estupro, a própria diretoria do hospital tentou “abafar” o caso dizendo que a situação acabaria não tendo resultado. “Eu falei agora perante a juíza que a diretora do hospital não queria que eu levasse o caso à polícia. Ela disse que iria alterar os fatos e abrir um processo administrativo, uma 'sindicanciazinha'”, disse a mãe revoltada.

A assessoria do Hospital Regional foi procurada pela reportagem para se manifestar sobre as acusações da vítima. Porém, até a publicação da reportagem não houve retorno. O espaço segue aberto.

Em investigação - O caso ocorreu em 4 de fevereiro de 2021. Os responsáveis pelas apurações dizem ter convicção de que o enfermeiro cometeu agressão sexual contra a paciente, que estava internada com covid-19. A denúncia foi feita pela mãe da vítima, quando a filha ainda estava recebendo tratamento na ala isolada do hospital.

Conforme relatou a paciente, depois de ter passado mal durante a noite do dia 3 de fevereiro, tendo vômito e falta de ar, ela notou quando o profissional de enfermagem começou a ir ao quarto dela, durante a madrugada do dia 4, passou a apertá-la e passar a mão em seu corpo.

Em determinado momento, o suspeito retornou ao leito com “óleo de girassol”, passou nos dedos e começou a abusar da vítima. Mesmo debilitada, a paciente diz ter tentado resistir ao abuso como pôde, pedindo para o homem parar e sair de cima dela, mas ele insistia em passar a mão na virilha da paciente, enquanto pedia para ela “abrir as pernas”. O homem repetia que queria masturbar a paciente e que não era para ela resistir, se não poderia “dar problema para ele”.

Absolvição no Conselho - Na última sexta-feira (16), o enfermeiro foi absolvido durante audiência de processo disciplinar no Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem). De acordo com o advogado da vítima, 38 anos, Lauri Farinéa, o conselho alegou falta de provas concretas para impedir que o enfermeiro continue exercendo sua função.

De acordo com a assessoria de imprensa do Coren-MS, o conselho não pode se manifestar, pois o processo está sob julgamento e as partes ainda estão sendo ouvidas para a conclusão do processo.

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