Incra teme confronto em fazenda desapropriada para reforma agrária
Após a retomada dos processos da reforma agrária parados há três anos em Mato Grosso do Sul, a próxima área que será demarcada para assentados é a Fazenda Nazaré, localizada em Sidrolândia, a 60 quilômetros de Campo Grande. Com 2,5 mil famílias na fila e 150 acampados há mais de 4 anos em frente à área, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) teme confrontos na propriedade.
O superintendente regional do órgão, Celso Cestari, explica que a escolha das famílias que irão receber os 177 lotes da propriedade é feita conforme as diretrizes do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que não leva em conta se os sem-terra estão acampados ou não nas áreas.
“Nosso maior medo é que ocorra um confronto naquela área. Precisamos de força policial para que não aconteça o pior”, desabafa Cestari.
O receio do órgão existe em razão das 150 famílias que estão acampadas há pelo menos 4 anos e meio às margens da BR-163, em frente a Fazenda Nazaré. A reportagem do Campo Grande News esteve no acampamento nesta terça-feira (16) e a convicção de que os lotes sairão para os acampados faz parte do temor vivido pelo Incra.
“Muitos estão naquela área e acham que vão receber o lote porque estão assentados, mas precisamos seguir as determinações do Ministério que não dá preferência para quem está acampado”, diz o superintendente.
Segundo Cestari, uma das conversas com o Ministério é que as diretrizes para a demarcação mudem. “Como vamos explicar para alguém que está há anos em uma área que outra pessoa irá ficar com o lote?”, questiona.
Sobre o procedimento na Fazenda Nazaré, o superintendente explica que equipes técnicas do Incra estão na área e que ainda não há prazo para a demarcação dos lotes.
Reunião - A presidente em exercício do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Érika Galvani Borges, se reuniu com representantes de movimentos sociais e dos sem-terra nesta quarta-feira (17) em Campo Grande.
A chefe do órgão anunciou a liberação de R$ 12 milhões em créditos. Érika afirma que os valores destinados a Mato Grosso do Sul têm objetivo de suprir as demandas do órgão e dos movimentos. “Esse recurso é para o fomento da reforma agrária no Estado. A regional irá tomar as providências para definir o fim dos valores que serão repassados”, explica a presidente do órgão.