Câmara abre investigação sobre cheque suspeito emitido pela prefeitura
Denúncia foi aprovada hoje na Câmara por seis votos a cinco; empresário afirma que recebeu cheque sem prestar serviço
A Câmara de Vereadores de Nova Alvorada do Sul, a 118 km de Campo Grande, instalou uma comissão especial para investigar suspeita de irregularidade envolvendo um cheque da prefeitura, emitido em agosto de 2017.
No valor de R$ 6.168,00, o cheque foi preenchido em nome do empresário Francelino Ruis Machado, dono de uma prestadora de serviços de manutenção. Apesar de garantir que não prestou nenhum serviço para a prefeitura, ele admite que descontou o cheque no banco e entregou o dinheiro para um amigo, que na época trabalhava na prefeitura.
Foi Francelino que denunciou o caso ao Ministério Público, onde existe uma investigação em andamento desde 2018. No dia 30 de abril deste ano, o empresário fez protesto no centro da cidade com uma cópia gigante do cheque e cobrou providências da Câmara.
Na sessão desta terça-feira, o pedido de investigação foi levado a plenário e aprovado por seis votos a cinco. Votaram a favor da investigação os vereadores Nélio Justen (PDT), Rosangela Alves (PR), Jane Barrios (PSDB), Renilson Cezar (MDB) e Israel Gomes (PSD).
Foram contrários à investigação Luciano Dias da Rocha (PT), Lourdes Pimentel (MDB), Manoel Jesus da Rocha (PSB), Francisco Sales (PPS) e Edir Alves Mesquita (PSD). Com o empate em cinco a cinco, o presidente da Câmara Vanderlei Bueno (PSDB) desempatou e votou favorável ao recebimento da denúncia.
Ao Campo Grande News, o prefeito Arlei Barbosa afirmou que está à disposição para esclarecer o caso. No dia do protesto, em abril, ele disse que a denúncia tem interesse político.
"É a campanha eleitoral chegando. Investigamos o caso na prefeitura e tudo foi feito dentro da lei. O cheque foi emitido para pagar pelo serviço prestado por uma empresa. Se ocorreu alguma coisa na hora de descontar o cheque foi lá fora, não aqui na prefeitura", afirmou.
O caso – Desconfiado após descontar o cheque no banco e entregar o dinheiro ao amigo, Francelino denunciou o caso ao Ministério Público e um inquérito civil tramita em segredo de Justiça.
Cansado de esperar uma solução por parte do MP e da Câmara de Vereadores, Francelino decidiu levar o caso ao conhecimento da população.
Ele afirma que apesar de não ter feito nenhum serviço para o município, no dia 17 de agosto de 2017 ele foi procurado pelo servidor, que trabalhava no setor de TI (tecnologia da informação) da prefeitura, que teria lhe entregado o cheque, da conta oficial do Executivo no Banco do Brasil, aberta em janeiro de 2001.
O empresário afirma que foi até o banco para trocar o cheque para o amigo e no local o atendente de caixa teria afirmado que o cheque deveria estar nominal.
Temendo um problema futuro, Francelino tirou uma foto do cheque e voltou à prefeitura para falar com o servidor, que no ato colocou o cheque nominal ao empresário e pediu para ele voltar ao banco e descontar a folha.
Mesmo já desconfiado com a história, Francelino foi ao banco, descontou o cheque e voltou até a prefeitura para entregar o dinheiro ao amigo servidor.
No dia 12 de abril de 2018, Francelino procurou o Ministério Público e contou a história para o promotor Mauricio Mecelis Cabral. Na denúncia, o empresário disse que chegou a procurar uma vereadora da cidade para contar o episódio e ela teria pedido para Francelino “esquecer” o episódio.