Contra cortes, estudantes queimam galhos e pneus para bloquear rodovia
Pneus em chamas provocaram nuvem de fumaça na região do aeroporto e Corpo de Bombeiros foi chamado para apagar fogo
Alunos da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) bloqueiam nesta manhã uma das pistas da Avenida Guaicurus, em Dourados, a 233 km de Campo Grande. O protesto faz parte do Dia Nacional em Defesa da Educação contra os cortes do governo federal nas universidades, nos institutos federais e na educação básica.
O bloqueio com galhos e pneus ocorre na pista que liga o centro à Cidade Universitária, onde ficam os campi da UFGD e da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul).
A Avenida Guaicurus, como é denominado o trecho de 12 km da MS-162, também dá acesso à 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, a empresas e propriedades rurais e ao Aeroporto Francisco de Matos Pereira. Para chegar a esses locais é preciso passar pela via de terra ao lado da rodovia. A pista no sentido contrário está liberada.
Pneus em chamas usados pelos estudantes para bloquear a pista provocaram uma densa nuvem de fumaça. Por risco de a fumaça atingir o aeroporto, a Polícia Militar Rodoviária acionou o Corpo de Bombeiros para apagar as chamas.
O Campo Grande News apurou que após os bombeiros retirarem os pneus, os estudantes reforçaram a barreira com galhos e a pista continua interditada. A previsão é de que a manifestação continue até às 10h desta quinta-feira.
Cortes – Terceira no ranking nacional em contingenciamento de recursos determinados pelo governo Bolsonaro, a UFGD teve de apertar o cinto para manter o funcionamento com R$ 12,4 milhões a menos para custeio e sem R$ 19 milhões de emenda parlamentar que seriam destinados a investimentos.
“Todo início de ano, o Ministério da Educação repassa o montante total orçamentário à UFGD, logo após a aprovação da LOA (Lei Orçamentária Anual) no Congresso Nacional. Porém, a Universidade tem sido impactada com o recebimento de limites parciais acarretando atrasos ou até a não execução de ações e projetos devido ao bloqueio de recursos por parte do governo federal no mês de abril, totalizando um valor de R$ 31,3 milhões”, afirma a universidade.
Aproximadamente R$ 12,4 milhões, o equivalente a 30% do orçamento, foram cortados das despesas de custeio, que incluem bolsas de ensino e investimentos, incluindo construções, aquisição de equipamentos e livros. A emenda de R$ 19 milhões seria destinada a investimentos em aquisição de equipamentos de laboratório, móveis, obras e demais despesas.
De acordo com a UFGD, o impacto maior ocorre na área acadêmica, “comprometendo a rotina de atividades acadêmicas antes do segundo semestre sem a execução dos projetos e ações para o desenvolvimento do ensino público de qualidade”.