Depois de temporal e destruição, Alcinópolis vive cenário de caos e contabiliza prejuízos
A cidade de Alcinópolis, 402 km da Capital, vive um verdadeiro turbilhão de eventos. Primeiro, o prefeito Manoel Nunes da Silva (PR) foi preso acusado de mandar matar um vereador do município, Carlos Antônio Carneiro. E, no mesmo dia que Manoel Silva foi solto em Campo Grande, um vendaval atingiu a cidade, causando danos consideráveis aos moradores.
Por volta das 15h de ontem uma chuva acompanhada de muito vento atingiu Alcinópolis, que vivia um período de estiagem de seis meses. "O tempo virou", conta Lucimar Furtado, em frente ao seu local de trabalho, na rua Maria Teodora Freitas Nery. Na via caiu uma árvore, no local onde ele sempre deixava o carro, mas ontem, resolveu estacionar em outro ponto. "Foi por pouco”, comentou aliviado.
O secretário de obras do município, Altino França Guimarães, conta que mora na cidade há 28 anos e nunca tinha presenciado tamanha ventania. A secretaria tem 23 funcionários, que já estão desde ontem a noite na rua, avaliando os prejuízos, junto com uma engenheira.
Na cidade, o cenário mais impressionante é no estádio e no almoxarifado, que dividem o mesmo local, onde também funciona o arquivo da prefeitura. A cobertura metálica que protegia a pequena arquibancada foi arrastada pelo vento por mais de 15 metros. A cobertura do almoxarifado também foi carregada pela força do vento.
O prefeito interino Alcindo Carneiro (PDT), pai do vereador assassinado, comenta que foi sorte ninguém ter se ferido durante o vendaval, que derrubou árvores pela cidade.
Entre 80 e 100 casas foram destelhadas, segundo o prefeito. "Em algumas, vai ter que ser trocado todo o madeiramento", relata Carneiro.
O prefeito acredita que os ventos tenham atingido mais de 120 km por hora. A cidade não tem estação meteorológica, e a Prefeitura ainda não tem estimativa de prejuízo.
O município e está fazendo orçamento para mandar para Defesa Civil estadual. O secretário de obras lembra que a cidade nunca teve uma experiência semelhante, portanto, não tem previsão de quanto vai custar a recuperação dos danos.
A chuva durou apenas 10 minutos. "Se durasse meia hora, acabava com tudo", afirmou o prefeito.
Na casa do serralheiro Cícero Ferreira dos Santos, de 51 anos, o vento derrubou parte do muro. "Saí para resolver um problema e quando voltei já tinha outro", brincou Cícero.
Na cidade, ainda há folhas e pedaços de arvores pelo chão, que estão sendo removidas. Colchões também estão espalhados pelas vias públicas, e antenas parabólicas foram arrancadas das casas.
Quinze famílias se abrigaram com parentes, por não terem condições de passar a noite em casa.