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Interior

Em clima tenso, PM volta a negociar com índios em área de conflito

Policiais tentam pegar de volta armamento de PMs tomado ontem por indígenas

Renata Volpe Haddad | 15/06/2016 08:27
Clima foi de tensão durante a tarde de ontem (14) e policiais tentavam negociar a devolução do armamento que os indígenas pegaram da Polícia Militar. (Foto: Sidney Bronka)
Clima foi de tensão durante a tarde de ontem (14) e policiais tentavam negociar a devolução do armamento que os indígenas pegaram da Polícia Militar. (Foto: Sidney Bronka)

Esta quarta-feira (15) amanheceu, na medida do possível, tranquilo na área da fazenda Yvu, próximo a aldeia Te’yikuê, em Caarapó, distante 283 km de Campo Grande, de acordo com informações da Polícia Militar. Na terça-feira (14), ao menos oito pessoas ficaram feridas, sendo três policiais, após confronto entre produtores rurais e indígenas sendo que o agente de saúde, Clodioudo Aguile Rodrigues dos Santos (20), filho do vice-capitão da reserva, Leonardo Isnardi, morreu.

De acordo com o comandante do 3º BPM tenente coronel Carlos Silva, após o clima de tensão durante a tarde, a noite foi tranquila e o dia amanheceu sem novos confrontos. "Estou agora com 20 policiais indo até o local, para tentar negociar a devolução do armamento que os indígenas pegaram dos policiais", alega, dizendo ainda que a PM não é responsável pelo controle do local neste tipo de situação, mas está ajudando a manter a ordem.

Uma mulher indígena que levou um tiro de raspão no braço está internada no Hospital São Mateus, em Caarapó. Os outros cinco indígenas foram transferidos para o Hospital da Vida, em Dourados. O Campo Grande News entrou em contato com o hospital para saber sobre o estado de saúde das pessoas, mas até o fechamento desta matéria, o responsável não atendeu as ligações. 

Entenda a situação - Desde a noite de domingo (12), mais de mil indígenas da aldeia Te’yikuê, ocuparam a fazenda Yvu. Produtores foram até o local para libertar funcionários que estariam sendo mantidos como reféns e houve confronto, resultando em um morto, duas pessoas queimadas e outros feridos.

Após o confronto, os índios bloquearam a estrada MS-280, que corta a aldeia Te’yikuê. Revoltado por não conseguir passar, o motorista de um caminhão teria jogado o veículo contra os índios, que teriam colocado fogo no veículo.

A informação do comando da PM, em Caarapó, é de que três policiais também ficaram feridos. Os militares foram ao local para escoltar os bombeiros durante o resgate dos feridos e foram rendidos pelos indígenas depois que o pneu da viatura furou. A estrada de acesso está bloqueada em três pontos.

Helicóptero do Bope fez a visualização aéra da região. Lavouras de cana-de-açúcar foram queimadas. (Foto: Sidney Bronka)
Helicóptero do Bope fez a visualização aéra da região. Lavouras de cana-de-açúcar foram queimadas. (Foto: Sidney Bronka)

Nota - A Funai publicou nota lamentando a morte do agente de saúde indígena Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, e a situação dos cinco indígenas adultos e de uma criança, todos feridos em estado grave em decorrência do confronto.

A instituição afirma que manifesta sua solidariedade ao povo indígena Guarani Kaiowá e o compromisso de atuar na mobilização das autoridades de segurança objetivando a apuração de responsabilidades pelo óbito e pela lesão aos indígenas que se encontram feridos.

Segundo a nota, a Funai está neste momento, dialogando com o Ministério da Justiça, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal para uma intervenção imediata na contenção do conflito na região.

Os Guarani Kaiowá lutam há décadas pela regularização fundiária de seus territórios de ocupação tradicional, e a Funai condena toda e qualquer reação desproporcional embasada em atos de força e de violência contra o povo indígena.

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