Família diz que homem foi preso injustamente por crime que aconteceu há 30 dias
Defesa alega que Valter Eleutério não cometeu o crime e foi acusado injustamente
A família de um homem preso na sexta-feira (20), sob alegação de ter participado de um roubo seguido por sequestro, afirma que Valter Eleutério, de 38 anos, foi acusado injustamente dos crimes.
Segundo o sobrinho, Juliano Cesar, de 25 anos, o familiar foi incriminado por uma suspeita equivocada gerada por uma das vítimas do crime que aconteceu em julho deste ano.
De acordo com ele, o tio saiu de casa, que fica em área rural no município de Itaquiraí, a 410 quilômetros de Campo Grande, até Eldorado, em trajeto que faz todo final de semana. Dessa vez, conforme Juliano, ele parou em uma lanchonete no caminho, onde chamou a atenção das pessoas do local por ser “de fora da cidade”.
No mesmo dia, aconteceu um crime em Eldorado, a 447 quilômetros da Capital, onde uma família, incluindo uma funcionária desse estabelecimento, foi roubada e feita refém por dois homens em uma residência.
Foi aí que caiu sobre eles as suspeitas. Como era a primeira vez naquele local, foi rapidamente taxado como o criminoso e preso sem qualquer outra prova concreta de envolvimento no crime”, ressalta Juliano.
O sobrinho explica que, no momento, estão tentando provar a inocência do indivíduo e que assinaturas têm sido coletadas para comprovar a boa índole do homem.
“A gente está na batalha para tentar livrar ele da prisão. A única alegação que eles têm, é que ele estava no local e é o único suspeito de ter cometido o crime. O resto [das pessoas] era tudo da cidade, ele não reside neste município”.
Por fim, Juliano destaca que a urgência em tentar tirar o tio, que está preso na Delegacia de Polícia Civil de Eldorado, se dá por conta do sofrimento de Valter e dos familiares. “Acabaram alegando esse fato de que ele era o criminoso, e a Polícia Civil mantém ele preso e maltrata a família. A gente vai buscar informações e dão risada da gente”.
A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul nesta manhã, mas não foi respondida até o momento de publicação desta matéria. O espaço segue em aberto para eventuais esclarecimentos.
A prisão - Segundo o sobrinho, o construtor civil Valter Eleutério estava no sítio onde mora e foi levado por policiais na manhã de sexta-feira. A versão que teria sido repassada à família, é de que imagens de câmeras de segurança identificaram o veículo dele e fizeram com que encontrasse a residência do suspeito.
Ele conseguiu avisar o próprio irmão antes de ser conduzido à delegacia. “Ele está muito abalado, chorando muito. Tem uma filha pequena desesperada e tem que trabalhar. A namorada estava junto [na lanchonete] e o policial comentou que ela é muito boa pessoa, conhecida na cidade, mas que não conhecia ele”.
Por meio de nota, o advogado responsável pela defesa, Julio Cesar Sanches, diz que ele será interrogado nesta segunda-feira (23) e que a prisão preventiva se baseia em um procedimento ilegal. “Ele foi preso após um reconhecimento fotográfico, reconhecimento este que não seguiu o que determina o artigo 226 do Código de Processo Penal”, alega.
Ele reforça a versão apresentada pela família, de que ele foi considerado suspeito apenas por estar em um estabelecimento no período da tarde, no mesmo dia em que ocorreu o crime. “Valter jamais cometeu qualquer crime. Ressaltamos que ele jamais foi intimado para prestar qualquer esclarecimento. Amanhã, vamos requerer à autoridade policial a quebra do sigilo telefônico e Estação Rádio Base, bem como várias outras diligências, vamos provar que Valter é inocente”, afirma.
“Valter é conhecido no assentamento onde reside, todos ficaram perplexos com sua prisão, haja vista que conhecem seu caráter. Estamos diante de um grande erro. Confiamos na Justiça e após a realização das diligências defensivas, acreditamos que tanto a autoridade policial, Ministério Público e Poder Judiciário vão se convencer da inocência de Valter”.
O caso - O investigado é autor do roubo que aconteceu no dia 23 de julho em Eldorado, quando quatro indivíduos mantiveram uma família refém para prática do crime, roubando três veículos, sendo duas caminhonetes e diversos objetos pessoais.
Inicialmente, familiares relatam que foram informados de que Valter cometeu crime de 5 de março deste ano. A ocorrência, noticiada à época pelo Campo Grande News, é semelhante a registrada no mês passado. Naquele momento, cinco pessoas, entre 20 e 53 anos, da mesma família, foram feitas reféns por dois homens armados em Eldorado.
(matéria editada às 12h44 para correção e inserção de informações. Valter é investigado por crime que aconteceu em 23 de julho e não em 5 de março)