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Farmácia oferece kit covid e antibiótico sem receita, relata denúncia

Vigilância Sanitária vai apurar o caso e Conselho Regional de Farmácia lembra que kit é ineficaz

Caroline Maldonado | 10/01/2022 17:10
Foto dos medicamentos comprados na farmácia por familiares da pessoa que denunciou o caso à Vigilância Sanitária de Dourados. (Foto: Direto das Ruas)
Foto dos medicamentos comprados na farmácia por familiares da pessoa que denunciou o caso à Vigilância Sanitária de Dourados. (Foto: Direto das Ruas)

A Vigilância Sanitária de Dourados, a 233 quilômetros da Capital, recebeu denúncia de que uma farmácia estaria orientando clientes que testaram positivo a comprarem o kit covid e vendendo o antibiótico azitromicina di-hidratada sem receita médica. Essa é a primeira denúncia do ano e o caso será apurado. Em 2020, oito farmácias foram autuadas por vender o medicamento sem receita. O preço do kit gira em torno de R$ 800.

Apesar dos demais produtos do kit não precisarem de receita, as pessoas que testaram positivo devem procurar um médico antes de comprar remédios para combater os sintomas da covid, conforme orientação da gerente da Vigilância Sanitária da cidade, Ana Paula Pinto Triches.

A pessoa que fez a denúncia anônima à Vigilância contou ao Campo Grande News que dois familiares receberam orientação da farmácia para comprar o antibiótico azitromicina, ivermectina, corticóides e até anticoagulantes, depois que o teste feito na farmácia deu resultado positivo. A gerente da Vigilância Sanitária não confirmou o nome da farmácia, porque o caso ainda será apurado, mas informou que houve a denúncia nesta semana.

Defensora da vacina como forma de combater a doença, a denunciante faz um alerta às pessoas que estão comprando o kit sem passar antes por consulta médica.

“A exemplo do Hospital Prevent Sênior no Estado de São Paulo, que distribuiu milhares de kit covid com as medicações citadas acima, e que teve como consequência mortes por questões cardíacas de vários desses pacientes que estão sendo investigadas e com várias famílias processando a instituição, precisamos frear isso aqui na nossa cidade”, disse.

É proibido vender antibióticos sem receita, mas os demais itens do kit não precisam de prescrição médica, portanto a Vigilância Sanitária irá verificar se houve venda do remédio sem receita, mas não tem como constatar se o estabelecimento está indicando também medicamentos que podem ser vendidos sem receita para combater sintomas da covid.

“As pessoas não devem aceitar fazer uso de medicamentos ou qualquer terapia sem recomendação de um médico. O que o farmacêutico pode fazer é verificar se o medicamento indicado pelo médico tem algum efeito colateral caso usado com outro que a pessoa já toma, ou seja, fazer a interação medicamentosa e orientar o paciente quanto a isso, mas não recomendar remédios”, orientou a gerente da Vigilância Sanitária.

A farmácia não terá o nome divulgado, porque o caso ainda será investigado pelo órgão. O gerente do estabelecimento denunciado disse ao jornal que não faz venda de remédios antibióticos sem receita e não orienta os clientes a comprarem kit covid, mas os próprios buscam o local indicando medicamentos que supõem ser eficazes e, nos casos em que não é necessária receita, a farmácia faz a venda.

A multa leve em casos de venda de antibiótico sem receita varia entre R$ 605,36 e R$ 2.940,32; a grave vai de R$ 2.940,32 a R$ 5.967,12 e a multa gravíssima pode ser de R$ 5.967,12 a R$ 23.349,06. Os valores são definidos conforme os agravantes. Se não for a primeira vez que a farmácia tenha cometido a irregularidade, o estabelecimento pode receber multa gravíssima, segundo Ana Paula.

Kit sem eficácia - O presidente do CRF/MS (Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul), Flávio Shinzato, lembra que já é comprovado cientificamente que não tem nenhuma relação da eficácia dos medicamentos citados no kit covid e o combate efetivo da covid e além disso, o farmacêutico não pode aviar ou dispensar esses medicamentos.

“A população pode denunciar para a ouvidoria do Conselho para que possamos dar encaminhamento aos órgãos fiscalizadores também. Os únicos que têm comprovação científica que previnem e diminuem os sintomas são as vacinas. No tratamento de covid, há medicamentos que envolvem antibióticos, anticoagulantes, que são medicamentos que obrigatoriamente devem ser prescritos pelo médico. O kit covid é uma automedicação que causa mais malefícios do que benefícios”, explica Shinzato.

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