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Interior

Justiça arquiva denúncia contra rapper algemada à força pela PM

Raíssa Sousa Carvalho foi acusada por desacato e pertubação de sossego após show em Dourados

Por Gustavo Bonotto | 06/10/2023 23:29

Justiça de Mato Grosso do Sul determinou o arquivamento da denúncia por desacato a policiais militares e pertubação de sossego, movido contra a cantora e rapper douradense, Raíssa Sousa Carvalho, que responde pelo nome artístico de SouRa.

Nos autos obtidos pelo Campo Grande News, Caio Márcio de Britto, juiz de Direito da 1ª Vara de Dourados, decidiu "em virtude da falta de justa causa para a propositura da ação penal, nos termos do art. 18 do Código de Processo Penal, em relação aos delitos de desacato, perturbação da tranquilidade e exercício ilegal da profissão".

Em março deste ano, a artista relatou a situação nas redes sociais ao dizer que foi algemada por policiais militares, jogada dentro de um camburão e levada para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) sob acusação de pertubação de sossego.

O caso aconteceu na madrugada do último dia 27, após apresentação de Raíssa, no Centro de Convenções de Dourados, distante 233 quilômetros de Campo Grande, no Bairro Novo Parque Alvorada. Segundo a artista, ficou algemada por duas horas sem conseguir se comunicar com a família e advogado. Ela é de Dourados, mas atualmente mora em São Paulo.

No vídeo, Raíssa contou que foi contratada para se apresentar em sua cidade, que contou com participação de Thiago Castanho, CPM22, Marcão Britto, Miliano e Tonelada. O show da rapper seria por 1 hora, mas por atrasos na programação ela conseguiu se apresentar por apenas 30 minutos.

Depois, a cantora desceu do palco e ficou para assistir às outras apresentações. Por volta da 1h, mesmo sem a apresentação de todos os artistas, o show foi interrompido. Um dos cantores, então, de uma banda regional, pediu desculpas ao público e disse que era uma falta de respeito, porque o grupo estava posicionado para fazer o show, mas não ligavam o som. As bandas regionais acabaram não se apresentando.

Cantora algemada na delegacia. (Foto: Arquivo)
Cantora algemada na delegacia. (Foto: Arquivo)

Raíssa foi confortar os amigos artistas e, na sequência, foi avisada de que havia uma equipe da Polícia Militar no local. “Eles disseram [os policiais] que a gente estava incitando o público. Perturbando a ordem”. No total, eram três policiais.

Ainda conforme a cantora, ao tentar explicar a situação aos policiais, foi algemada com as mãos para trás violentamente e jogada dentro do camburão. “Eu perguntei para ele, porque você está me algemando, eu não apresento nenhum risco. 'Um dos policiais respondeu rindo, debochando que era para eu não fugir'”, contou. A situação foi testemunhada por uma colega, a Valentina, que tentou filmar a ação, mas foi impedida.

Raíssa foi levada para a delegacia, onde ficou por 2 horas algemada. Ela disse que havia homens detidos, mas nenhum deles estava algemado.

Segundo a artista, ficou com os braços para trás, como se estivesse presa a um pau de arara. “Uma tortura”. Raíssa disse que ficou com dores nos braços por causa das algemas e após ser liberada procurou tratamento médico.

O boletim de ocorrência foi registrado como perturbação do trabalho ou do sossego alheio. Segundo os policiais, Raíssa foi advertida, mas continuou incitando o público contra a polícia e tentou coagir a equipe alegando ser advogada, porém, na delegacia, não apresentou sua carteira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Ainda conforme registro policial, no momento da ocorrência, a cantora menosprezou a corporação ao dizer de forma pejorativa “polícia sendo polícia”.

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