Movida pela paixão, Soulra brilha na cena black music de Dourados
Com musicalidade urbana, letras autorais e voz que faz bem aos ouvidos, cantora lança novo clipe que fala de amor
Com musicalidade urbana, letras autorais e voz que faz bem aos ouvidos, Soulra nome pronunciado ‘Sou Rá’, é cantora da cena alternativa de Dourados que acaba de lançar nova canção e clipe instigantes. A música “SoulRa” que leva o seu nome artístico fala sobre o amor, liberdade e autoconhecimento.
A cantora escreveu a música em dois momentos, lembra. “Primeiro o verso mais melódico com meu violão e no outro dia terminei com o freestyle enquanto lavava louças. Escrevi movida pela paixão, estava apaixonada e quis falar sobre o amor, do jeitinho que me ocorria na época. Então não é só amor que envolve paixão entre dois indivíduos, é também sobre o amor próprio, sobre saber contar sobre mim, como lido com paixões distantes, próximas, possíveis, improváveis”, descreve a cantora.
Com uma linguagem própria e elementos da cultura hip-hop que lhe atravessam, Soulra celebra com seu segundo clipe 1 ano carreira e a força da cena feminina de Dourados que, segundo ela, é avassaladora.
A relação com a música começou na infância, Soulra, que chama Raissa Sousa Carvalho, cantou no coral da escola ainda no primário, no centro espírita e na missa. Aprendeu violão aos 7 anos e adolescência estudou canto. “Meus pais tem total contribuição nisso, sou filha de músico, meu pai é professor universitário, advogado, mas é também vocalista de um grupo de forró pé de serra há 20 anos chamado Terra Seca. E minha mãe é artista modista por formação, então eu ia para a faculdade de moda com ela. E ambos são nordestinos que migraram para o MS há mais de 30 anos. Então tive acesso à música popular brasileira de Norte a Sul desde pequenininha”, conta.
Mas ela diz que não tinha pretensão de trabalhar profissionalmente com a música. “Existia uma pressão para que eu cursasse Direito, por parte dos meus pais. Eles tinham medo da instabilidade financeira de ser artista, e eu compreendo isso hoje, porque eles tiveram que lutar muito para vencer a pobreza, especialmente meu pai, negro e nordestino. Mas depois de formada não teve jeito, a arte falou mais alto, até porque não somos nós que escolhemos a arte, é ela quem nos escolhe”
Foi quando escreveu a sua primeira canção em 2018, “À flor da pele”, e ganhou a emoção dos pais. “Foi a primeira composição que acreditei também ser digna de ser mostrada às pessoas. Desde então assumi meu posto de artista profissional da música e da moda e venho criando, com total apoio da família.”
Soulra se considera cria do rap, uma paixão que lhe deu força, empoderamento, consciência de classe, de negritude e identificação total quando falava sobre negritude à juventude. “E me apresento e me aproximo de outros gêneros da black, a soul music, o funk gringo e brasileiro, o jazz, o blues”, menciona.
Natural de Dourados, a cantora também destaca que Mato Grosso do Sul tem artistas incríveis, mas é preciso ser conhecido Brasil a fora. “Infelizmente há um monopólio midiático da nossa cultura local, são poucas as rádios, principalmente no interior, que apoia a música local que destoa do gênero sertanejo, mas é para isso que eu trabalho duro. Para que haja esse reconhecimento dentro e fora, de que existe muita cultura aqui e que ela é diversa assim como nosso povo é diverso.”
A cantora também usa o espaço para destacar algumas cantoras que, segundo ela, merecem reconhecimento. Na música são tantos nomes, mas evidencio Giani Torres, Fernanda Ebling, Jaqueli Altenhofer, Hanna Lopes, Lilham, por exemplo, sem contar outros campos da arte, nas artes visuais, cênicas”, exemplifica.
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