PF preso na Omertà trabalhava na segurança de evento de ministra
Everaldo foi preso em hotel de Bonito por equipe da Polícia Federal, que apoiou operação do Gaeco
O policial federal Everaldo Monteiro de Assis, alvo da operação Omertà, foi preso em Bonito, a 257 km de Campo Grande, porque estava trabalhando na segurança de evento com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias. Na quarta e quinta-feira, Bonito sediou a 9ª Reunião dos Ministros da Agricultura do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Everaldo foi preso em hotel de Bonito por equipe da PF (Polícia Federal), em apoio à operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).
No meio do arsenal de guerra apreendido em 19 de maio com o então guarda municipal Marcelo Rios, havia um pen drive com dossiê sobre produtor rural que tem negócios nos municípios de Bonito, Jardim e Maracaju. A pesquisa foi feita com o login do policial federal. O material também teve uma versão impressa apreendida.
Imagens guardadas no pen drive mostram consulta sobre o produtor rural Edivaldo Luís Francischinelli no Renach (Registro Nacional de Carteira de Habilitação), Receita Federal e Sinic (Sistema de Informações Criminais). Conforme apurado pelo Campo Grande News, Edivaldo já foi ouvido pela investigação. Em julho, quando foi divulgada a existência do dossiê, o fazendeiro não quis falar com a reportagem.
Everaldo Monteiro de Assis teve pedido de habeas corpus negado no plantão de fim de semana do TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). A defesa do policial federal é feita pelo escritório do juiz federal aposentado Odilon de Oliveira.
Ao Campo Grande News, o juiz aposentado afirmou que o escritório está empenhado na defesa do policial federal e que escolheu fazer isso de forma voluntária, por dois motivos: “Conheço seu trabalho há duas décadas, em grandes operações vinculadas à vara onde eu era juiz. O outro motivo é a certeza de sua inocência”.
Segundo Odilon, as informações do dossiê seriam destinadas a policial civil do Estado para "sucesso de certas investigações" e não para a milícia.
Organograma - A operação Omertà, realizada na sexta-feira (dia 27) em Campo Grande contra grupo de extermínio, que estaria ligada à quatro execuções na Capital, detalha organograma com quatro núcleos, sendo dois enxutos: líderes e executores, que totalizam quatro pessoas; e dois com 19 pessoas atuantes na gerência e apoio.
No topo, aparece o núcleo dos líderes, onde foram inseridos os empresários Jamil Name, 80 anos, e Jamil Name Filho. Conforme as investigações, os líderes são responsáveis por definir as missões dos demais integrantes da organização e custeio de todas as atividades do grupo, fornecendo material necessário às execuções, como armas, munições, veículos, imóveis, dinheiro e, inclusive, proteção.
O núcleo da gerência tem quatro nomes. Neste rol entra Marcelo Rios, o primeiro a ser preso. Relato de companheiras à Policia Civil informou que ele trabalhava na segurança do empresário Jamil Name. A casa onde foi feito o flagrante do arsenal, no Jardim Monte Líbano, pertence ao empresário, conforme contrato de compra e venda citado na decisão.
No núcleo três, o de apoio, são relacionadas 15 pessoas, incluindo advogado, guardas municipais, policial federal e policiais civis. O grupo era responsável pela logística, segurança e suporte da organização criminosa.
O núcleo quatro era o da execução, com somente dois integrantes: Juanil Miranda Lima e José Moreira Freires. Conforme a apuração, eles eram responsáveis em praticar os homicídios, mediante paga ou promessa de recompensa. A operação prendeu 19 pessoas.
Nova prisão preventiva - Durante o plantão do fim de semana, foram negados habeas corpus para Jamil Name e o filho. Nesta segunda-feira, Jamil Name, de 80 anos, passou por audiência de custódia no Fórum de Campo Grande pelo flagrante de armas e munição.
Na casa do empresário e pecuarista, no Jardim São Bento, foi apreendido um carregador de pistola, municiado com 17 cartuchos. O acessório estava na cômoda de armário no quarto. No haras de sua propriedade, na zona rural de Campo Grande, foi apreendia uma espingarda calibre 12.
O juiz David de Oliveira Gomes Filho, que cumpre plantão nas audiências de custódia, converteu o flagrante em prisão preventiva contra o empresário, que já estava preso por força de outro mandado de prisão preventiva da operação Omertà. O juiz avaliou que a prisão domiciliar não seria o suficiente, apesar da idade avançada do preso.