Tensão por disputa de terra se acirra e mais um indígena é ferido a tiro
Produtores e indígena estão a frente a frente, a poucos metros, vigiados pela Força Nacional
A tensão entre indígenas e produtores rurais na cidade de Douradina, a 192 quilômetros de Campo Grande, continua neste fim de semana. Vídeo a que o Campo Grande News teve acesso, mostra indígenas da comunidade guarani-kaiowá Panambi/Lagoa Rica reunidos em uma propriedade rural na cidade nesta sexta-feira (20). Eles estavam a poucos metros de produtores e caminhonetes. É possível ainda ver duas viaturas da Força Nacional.
Um dos produtores, de 82 anos, dono de um sítio, registrou boletim de ocorrência também nesta sexta alegando que teve parte de sua propriedade, de 30 hectares, invadida, e que os indígenas teriam colocado fogo na palha do milho já colhido, além de terem levantado acampamento.
O advogado do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Anderson Santos, alega que há uma tentativa de retomada desde o fim de semana passado por parte dos indígenas, o que desencadeou a tensão. Anderson alega que um rapaz foi baleado na perna, conforme mostra foto enviada por ele. "Quando há tentativa de retomada, o produtor que se sentir lesado precisa procurar a Justiça e tentar a reintegração de posse, o que não está havendo ali".
Este é segundo caso de indígena baleado em uma semana. No começo do conflito, no dia 15, um indígena levou um tiro na perna e socorrido pelos próprios companheiros até o Hospital da Vida, em Dourados. Além da Força Nacional, a Polícia Militar foi acionada para acompanhar o conflito, inclusive com apoio de um helicóptero.
O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL) esteve no local nesta sexta. Ele gravou um vídeo ao lado de alguns produtores alegando que eles teriam direito às terras. "São pessoas que estão aqui há 38 anos e não são grandes latifúndios, são pequenos produtores", disse ele.
O deputado ainda disse que há uma reunião agendada na próxima segunda-feira (22) no MPF (Ministério Público Federal) de Dourados para tentar dar fim ao conflito. "Porém, para aceitar a conversar, os produtores exigem que ocorra a desocupação".
A Terra Indígena Panambi/Lagoa Rica é reconhecida desde 2011, sendo delimitada em 12,1 mil hectares, mas o processo de demarcação está parado. Segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a demora ocorre por morosidade do Estado e de "[...] medidas legislativas inconstitucionais como Proposta de Emenda à Constituição que busca instituir a tese do marco temporal".
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