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Interior

Tribunal Pleno julgará na quarta-feira transferência de júri de índios para SP

Caroline Maldonado e Helio de Freitas | 08/01/2016 13:24
Advogado da acusação Maurício Rasslan discorda de transferência (Foto: Eliel Oliveira)
Advogado da acusação Maurício Rasslan discorda de transferência (Foto: Eliel Oliveira)

O Tribunal Pleno, órgão máximo da estruturação hierárquica, julgará na próxima quarta-feira (13) a transferência do processo em que cinco índios são acusados de assassinar dois policiais civis e deixar outro ferido, em Dourados, em 2006. Com apoio do MPF (Ministério Público Federal), a defesa dos indígenas pediu que o processo seja julgado em São Paulo e não em Mato Grosso do Sul.

A defesa dos réus e o MPF argumentam que a população sul-mato-grossense está impregnada de preconceito por causa das disputas entre fazendeiros e índios e por isso o julgamento não poderia ser realizado em MS. A afirmação é do procurador da República, Manoel de Souza Mendes Júnior, que faz a acusação dos índios junto com Maurício Rasslan, assistente da acusação.

Rasslan discorda. “Essa não é uma questão indígena, é o julgamento de bandidos. Ele colocou todos do Estado de MS como preconceituosos com relação a índios, eu, minha mãe, você, meus filhos. Ele generalizou”, argumenta o advogado que estará no julgamento da transferência.

O processo que pode ser levado para São Paulo tem como réus os índios Carlito de Oliveira, 73 anos, apontado como líder do grupo, seu filho Lindomar Brites de Oliveira, Ezequiel Valensuela, Jair Aquino Fernandes e Paulino Lopes. Os demais acusados pelo duplo homicídio – Valmir Júnior Savala, Sandra Arévalo Savala, Márcio da Silva Lins e Hermínio Romero – são réus em outro processo, que foi desmembrado e está em fase mais atrasada porque os acusados estavam em liberdade.

Os índios são acusados de matar a tiros, facadas e pauladas os policiais civis Ronilson Magalhães Bartie, 36 anos, e Rodrigo Lorenzatto, 26. Emerson José Gadani, na época com 33 anos, foi ferido a golpes de faca, mas sobreviveu. Ele acompanhou a entrevista do advogado, hoje de manhã. Gadani está aposentado da profissão. Os réus alegam legítima defesa.

Conforme a investigação da época, os policiais teriam ido ao acampamento Passo Piraju, próximo ao Porto Cambira, às margens da MS-156, à procura do suspeito de matar um pastor evangélico, no dia anterior, na periferia de Dourados. Quando entraram no acampamento, onde um grupo de índios permanece até hoje, os policiais teriam sido cercados e atacados a pauladas e golpes de faca. Os tiros teriam sido disparados com as armas dos próprios policiais.

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