Rebelião evidencia organização do PCC
A rebelião ocorrida no IPCG (Instituto Penal de Campo Grande) provocou a transferência de 33 presos da unidade, entre eles, lideranças do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção que comanda ações criminosas dentro e fora de presídios no País.
O motim evidencia a organização dos membros do PCC, que mesmo em penitenciárias diferentes conseguem se articular e provocar o cenário de destruição observado após o tumulto da véspera do Natal em Campo Grande.
A primeira providência adotada pela Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) foi transferir seis homens apontados como "cabeças" da rebelião, entre eles opositores do Primeiro Comando que se rebelaram contra o PCC. Mas no grupo também estão dois integrantes da facção.
Já estão na Penitenciária Federal: Tiago Lima, Luiz Paulo Pereira Gomes, Willian Gomes, os irmãos José Femianos Neto e Carlos Eduardo Femianos Cruz, Osmar Pereira da Silva e Cléber Lemos da Conceição.
Os irmãos Femianos são indicados pelo restante dos presos como a dupla que iniciou o confronto na quarta-feira. Os dois teriam atacado um dos chefes do grupo que faz oposição ao Primeiro Comando, conhecido como Clebão.
Como ganharam da direção do IPCG o direito a transitar livremente na unidade, para execução de pequenas tarefas, os dois conseguiram chegar até cela de um dos rivais e com um pedaço de pau fizeram o preso desmaiar, quando começou a confusão, segundo relato de um dos presos envolvido no motim, em entrevista ao Campo Grande News.
Outros 27 presos foram removidos esta tarde, 25 para o Presídio de Trânsito, um para o Centro de Triagem e outro para o EPSM (Estabelecimento Penal de Segurança Máxima). Entre os transferidos estão homens envolvidos direta ou indiretamente no motim, que segundo um dos líderes da rebelião revelou ter sido uma reação à presença de integrantes da facção no IPCG.
Entre os apontados como membros do PCC removidos hoje à tarde estão: Jorceland Guedes Valêncio, Milton da Mota Júnior, Fábio Fortare, Valdemir Benvindo da Silva Nunes e Rogério da Silva Evaristo.
O próprio secretário de Segurança Pública, Wantuir Jacini admitiu que foi um erro a tranferência de pessoas ligadas ao Comando para o Instituto. "Numa primeira triagem não foi detectada a ligação deles. Quando ficamos sabendo, a transferência foi feita", disse ontem ao visitar a unidade.
A reportagem do Campo Grande News apurou que uma rixa que se arrasta desde 2006 foi o pontapé inicial da rebelião. No Dia das Mães de 2006, presidiários do IPCG se recusaram a participar do motim que entrou para a história de Mato Grosso do Sul como o mais violento.
A rebelião foi coordenada pelo PCC e envolveu internos do Presídio de Segurança Máxima, além de Dourados, Três Lagoas e Corumbá. No entanto, os presos do IPCG recusaram-se a participar do motim e, desde então, são "jurados".
Por trás da organização para a infiltração do PCC no Instituto Penal estaria um detento da Máxima: Gerson Palermo, acusam os presos do IPCG e tese confirmada por membros do sistema penitenciário. Em setembro do ano passado, Palermo foi preso na rodovia que liga Campo Grande a Sidrolândia, junto com outras 7 pessoas, por tráfico de drogas, entre eles, Juceland, que hoje integrava o grupo de transferidos do IPCG.
Ele era foragido da Colônia Penal, foi condenado a 20 anos por ter seqüestrado um boeing da Vasp em 2000, no Paraná, para roubar R$ 5 milhões em malotes do Banco Central.
A defesa contesta qualquer relação de Palermo com o grupo, e após a rebelião de 2006 garante que conseguiu comprovar a inocência de Palermo em relação a participação no motim do Dia das Mães.
Confiança - Em pouco tempo, os presos ligados ao PCC conquistaram a confiança da diretoria do IPCG. Os irmãos Femianos eram os detentos que fazem "correria" na unidade, destacados para amenizar a sobrecarga de agentes penitenciários, que já são poucos no sistema penitenciário. Dessa forma os irmãos Femiano conseguiram mais "mobilidade". Já Milton era o cantineiro do IPCG.