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Em Pauta

A moda e as compras foram criadas pelos libaneses

Mário Sérgio Lorenzetto | 10/01/2023 06:30
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

A moda é a história de um caracol. O "Heraplex trunculus", conhecido como "murex", habitava as praias do Mediterrâneo, de Portugal até as areias do Saara. Parece um molusco comum, abrigado numa concha cônica rodeada por espinhos. Esse caracol desenvolveu uma espécie de arma biológica usada para sedar suas presas e se defender contra predadores. É uma secreção de tinta contendo um raro composto denominado "dibromoindigo". Quase 4 mil anos atrás, a civilização que vivia nas ilhas do mar Egeu descobriu que essa secreção do caracol podia ser usada para criar uma tintura com uma tonalidade rara: a cor púrpura. Uma descoberta que não souberam aproveitar.


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Uma tintura chamada Tiro.

Com o passar do tempo, a tintura púrpura passou a ser chamada de Tiro, a principal cidade dos fenícios, ancestrais dos libaneses. Tentativas modernas de recriar essa tintura indicam que eram necessários mais de 10 mil caracóis para produzir apenas um grama da púrpura de Tiro. Os registros históricos são claros: os libaneses souberam produzir e vender essa tintura, lhes dando uma imensa fortuna, por mais de mil anos. Produzir panos púrpuras e vendê-los, o início da moda e das compras.


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Só para a elite.

Faixas de púrpura de Tiro eram costuradas nas túnicas dos senadores romanos. Era exclusividade dos senadores. Ninguém podia ter uma faixa de púrpura de Tiro costurada em suas vestes sob pena de cadeia ou até de morte. Um filho de um imperador de Bizâncio recebeu o título honorífico de "nascido da púrpura". No milênio da púrpura de Tiro, 28 gramas do produto valiam muito mais que 28 gramas de ouro, diz um documento libanês. Essa moda inventada pelo libaneses levou seus marinheiros a explorar toda a linha costeira do Mediterrâneo em busca de colônias de caracóis murex.


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Muito antes dos portugueses, os libaneses iniciaram as grandes navegações.

À medida que sumiam os caracóis murex das praias do Mediterrâneo, os fenícios foram tomando coragem e enfrentando o impossível: ultrapassar as Colunas de Hercúles - o atual Estreito de Gibraltar -  e entrar no Atlântico. Eles enfrentaram as grandes ondas do Atlântico, em comparação, as águas do Mediterrâneo são um "piscinão". Com seus navios de cedro propelidos por 13 remadores, exploraram a costa da África até encontrar uma enorme quantidade de caracóis murex. E foi esse butim que lhes permitiu viver na riqueza por muitos séculos. Mas, a procura do caracol, marcou o verdadeiro momento limítrofe na história da humanidade. A capacidade dos libaneses seria a chave que abriria para sempre o Atlântico e as grande navegações.

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