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Em Pauta

A volta dos que não foram. O rural se impõe ao industrial

Mário Sérgio Lorenzetto | 24/01/2023 08:40
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Desde a colonização empreendida por portugueses e espanhóis, o Brasil é rural. Com 180 anos de atraso, durante o governo Vargas, começamos a buscar a industrialização. 180 anos de atraso é uma eternidade, não é possível criarmos tantos atalhos, acelerarmos, para suplantar seus grandiosos problemas.


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A brusca freada da industrialização no governo FHC.

Lei Kandir é seu nome. Essa foi a chave da reestruturação da economia. Saímos de uma crescente industrialização, para o retorno "dos que não foram", o homem do campo readquirir novas forças. A ideia do governo de Fernando Henrique Cardoso era de exportar a produção rural. Inteira. Nem um grãozinho de milho ou soja deveria permanecer em nosso território. O movimento feito pela Lei Kandir era de uma simplicidade absurda: eliminava impostos para a exportação. De Vargas até FHC, a ideia corrente era a contrária. Deveríamos plantar e criar em consonância com a industrialização. Foi uma brusca freada no claudicante processo de industrialização.


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Total dependência da globalização.

O mundo está globalizado desde os canhões de Vasco da Gama. Esse aventureiro português matou todos que tentaram se interpor a seus negócios. O Brasil é um dos países mais dependentes da atual globalização. Há uma acelerada e progressiva reprimarização de nossa economia. A volta ao domínio do campo sobre a cidade, sobre a industrialização. É isso também acelera os extremismos. Na globalização, há ganhadores e perdedores. E isso se nota quando deve ocorrer a divisão do bolo, tanto dentro do país como entre países.


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Além dos extremismos.

Está chegando a hora. Falar sobre agronegócios no Brasil é tratar de um setor modernizado, em crescimento constante e com lucros estratosféricos, a maior parte do bolo fica fora do país ou vai para atividades especulativas. Está chegando o momento em que os grandes chefes do agronegócio, com o acúmulo de dinheiro e influência, colocará a capacidade industrial do país a serviço do valor agregado de sua produção. Esse conflito final está sendo evitado com as conquistas de novos mercados de exportação e com a fome insaciável da China, ainda não resolvida pela África. Ainda. Falar de indústria brasileira é tratar de desolação, de obsoletismo. Mas com condições de recuperar algum atraso como o petismo no governo.


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O Brasil do estereótipo contra o rural.

Há uma sutil confrontação territorial entre o Brasil do estereótipo, com seu futebol, suas praias e seu samba e um Brasil rural, com seu sertanejo, seus templos evangélicos e suas plantações. O mundo rural, compreendido pelo Sul e Centro-Oeste, tem uma extensão territorial como a do México, uma população similar à da Espanha e ao PIB da Argentina. Essas são informações que escapam aos próprios produtores rurais. Mas é totalmente dependente da demanda chinesa e dos fertilizantes russos. Isso cria um círculo vicioso: quanto maior a desindustrialização, maior dependência dos mercados externos. E maiores pressões internas. Algo semelhante ocorre com a mineração, com a pecuária e com os biocombustíveis.

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