Pagar impostos no antigo Egito: fiscais, pauladas e agrimensores
O Egito foi o primeiro Estado centralizado do mundo, o que significa que também foram os primeiros a cumprir com uma das obrigações inevitáveis dos cidadãos, em todas as épocas e em todos os lugares: pagar impostos. Antes da unificação do Egito já havia impostos, mas eram cobrados em pequena escala, não eram organizados. Em torno de 3.100 a.C., os faraós criaram um sistema arrecadatório que cobria todo o país, e se apoiava em uma burocracia especializada e eficiente. Pronto, agora você sabe a quem xingar quando pagar impostos: a mãe do egípcio.
No princípio, o rei era o fiscal.
No princípio, o rei era o encarregado de realizar a arrecadação. Embarcava, com sua corte, em uma frota para percorrer o Nilo. De norte a sul, essa navegação para cobrar imposto era conhecida como "Caminho de Orus". O faraó era considerado a encarnação viva do deus falcão Orus. Era a única época em que ele se deixava ver pela população. Essa viagem de arrecadação acontecia a cada dois anos.
A "Contagem do gado".
Ainda que o nome fosse impróprio, o nome da arrecadação era "A Contagem do gado". Nome inapropriado pois também contavam os sacos de cereais para fins arrecadatórios. Era tão importante que também servia como calendário dos egípcios. Contavam os anos de acordo com a arrecadação.
20% de tudo que colhiam e criavam.
O percentual a ser pago pelos fazendeiros era de 20% de todos os animais que criavam ou dos grãos que colhiam. Não era uma tarefa fácil pois as inundações destruíam as marcas de limites entre as fazendas. Foi assim que criaram três corpos especializados para arrecadar: fiscais com boa caligrafia e que soubessem fazer contas, agrimensores para demarcar, ano após ano, os terrenos, e homens fortes que davam pauladas nos sonegadores.
Sonegar ou morrer.
Quem vê as riquezas dos egípcios, suas pirâmides, templos e cidades, não imagina que a população vivia na mais profunda miséria, A alternativa era sonegar os impostos. Sonegar ou morrer de fome. Há alguns documentos que deixam claro essas péssimas condições de vida. Mostram que quando chegavam os fiscais, agrimensores e brutamontes, o povo ficava de joelhos. Muitos eram espancados com porretes, açoitados com varas ou presos em um poste. Sonegar era considerado um dos piores crimes.