Poucas pessoas conseguem detectar mentiras
Rodam um vídeo. Nele aparecem dez homens. Dizem o que pensam sobre temas variados como a pena de morte ou as leis anti-tabaco. A tarefa de quem assiste o vídeo consiste em determinar qual desses homens mente. Parece fácil? A maioria das pessoas pensa que é bem fácil. Estão seguras de suas capacidades de detectar mentiras.
Pelo menos uma mentira por dia.
Há um estudo em que as pessoas confessam que dizem pelo menos uma mentira por dia. Os estudantes universitários admitem dizer duas. Essa é a nossa sociedade ocidental, onde abundam as mentiras. Todavia não é tão fácil resolver o exercício proposto nos vídeos para descobrir os mentirosos. Em uma experiência após outra, o professor da Universidade da Califórnia, EUA, Paul Ekman, explica que a maior parte das pessoas tira resultados baixíssimos nos testes. Resultados similares aos que "chutam", que escolhem os mentirosos ao acaso.
Até tu, meu caro policial?
Para a surpresa dessa equipe comandada por Ekman, até mesmo os grupos que esperavam que tivesse uma habilidade especial para detectar mentiras - policiais, juízes, advogados, psiquiatras - mostraram que também tem pouca habilidade para detectar mentiras.
Perguntas que desejam responder.
Essa equipe vem, há muitos anos, trabalhando para responder algumas perguntas difíceis. Os adultos têm mais facilidade para detectar mentiras contadas por estranhos do que as contadas por pessoas que lhe são próximas? É possível melhorar a capacidade de detectar mentiras com treinamento? Por que existem umas poucas pessoas que parecem ser espetacularmente boas na hora de descobrir as mentiras?
Os agentes da CIA conseguem os melhores resultados.
Há outra indagação que a equipe de Ekman vem fazendo: porque os agentes da CIA conseguem melhores resultados que todos os demais grupos na hora de detectar mentiras? A maioria deles chega à impressionante marca de 100% nos acertos.
Detectores de mentiras conseguem detectar pistas.
O que tem em comum esses detectores de mentiras é que - diferente da maioria das pessoas - não só percebem uma pista corporal, como a carência de contato ocular ou raspar a garganta, mas também conseguem interpretar o conjunto de sinais verbais e os não verbais que muitas vezes emitem os mentirosos.
Os sinais da mentira.
Os sinais são distintos para cada mentiroso. A equipe de Ekman afirma que há mentirosos especializados, não emitem sinal algum de suas mentiras. Eles conseguem ocultar suas emoções, aquelas que os delatariam: culpa, ira, temor, angústia, vergonha ou prazer em mentir. Os sinais mais comuns do mentiroso são as mudanças no tom da voz, erros ao falar ou pausas sem sentido. Outras não são verbais, como uma micro-expressão de ira na cara de um homem enquanto insiste que está feliz em cooperar com a investigação da polícia ou da esposa traída.
Não há um só sinal.
Ekman aponta que não há um sinal único para detectar mentiras. Uma emoção discrepante não significa que alguém está mentindo. Por exemplo, diz ele, um suspeito inocente pode demonstrar ansiedade ou temor por temer que não acreditem no que diz. E é por isso que o estudo das mentiras tem continuidade.