Cratera aberta pela chuva provoca medo em moradores do Nova Lima
Dos mais antigos aos novos moradores, o medo da erosão que se formou no bairro Nova Lima, em Campo Grande, é um sentimento coletivo. Aberta em meio ao mato por conta das constantes chuvas, a cratera levou parte das ruas Santo Inácio de Loiola, Zulmira Borba e Marques de Herval.
O ponto é um dos considerados críticos pela Prefeitura de Campo Grande, após o período de chuvas intensas na cidade, que deixaram estragos em vários bairros, provocando a decretação de situação de emergência. Para a recuperação dos estragos, a prefeitura estima que sejam necessários mais de R$ 45 milhões.
No Nova Lima, o cenário impressiona. As manilhas de concreto, quase engolidas pela erosão, e as rachaduras no solo configuram uma cena que ninguém quer ver nos arredores de casa. “É perigoso se continuar desmoronando, chegar aqui na avenida’, diz Evelin Silva Bastos, 22 anos.
“Como é que você não vai ficar apavorado? Está a 10 metros de casa”, conta Ivone Moreira, 55 anos. A moradora que trabalha como diarista tem na lembrança a metade da vida ali na região. "A gente tem vontade de sumir, deixar tudo", completa.
E se a chuva parece que deu uma trégua, o medo ainda não. “Ninguém dorme. Eu durmo com um olho aberto, outro fechado” desabafa Ivone. A irmã dela, Madalena conta que já houve noite que Ivone levantou duas horas da manhã, para ver o que a erosão tinha levado.
A casa das duas está bem próxima à cratera aberta. Para conter a água da chuva, foi colocado aterro na tentativa de aliviar a pressão da água na erosão.
A angústia toma conta do comércio. Ana Maria Santos, dona de um bar na região há três anos, diz que sente como se a qualquer hora, a cratera fosse levar tudo. “Se não for a erosão, a água da chuva pode empoçar, queimar freezer e tudo da gente”.
Para quem praticamente nasceu no bairro, como Ramiro Luz, de 41 anos , engatinhar por onde era só mato e agora ver uma erosão, é de dar pavor. “A gente não sabe o que fazer, acho que é por causa de esgoto, e tá assim agora, daqui a pouco leva nossa casa”.