Avó narra luta para salvar neto que apanhava do padrasto e vive com sequelas
Diarista falava sobre a saga para tirar o menino de perto do agressor, quando foi avisada que homem foi preso
Desde janeiro deste ano, a avó materna de um menino de 3 anos luta para que o agressor do neto dela pague pelo mal que fez à criança. A diarista, de 42 anos, conta que precisou largar o trabalho para cuidar do garotinho, que chegou a ter um punho quebrado durante agressões, acredita a avó, e desenvolveu graves sequelas neurológicas, o que para ela, também foi de tanto levar pancadas na cabeça.
A mulher rompeu com a própria filha para "salvar" um dos netos desde que o menino foi internado, no começo deste ano. A criança passou três meses na Santa Casa de Campo Grande e depois, no HU (Hospital Universitário), de onde saiu com laudo que aponta para suspeita de neurotuberculose (infecção bacteriana que invade o sistema nervoso central) e hidrocefalia, que pode ter sido provocada por agressões, segundo anotado pelo documento. O menino tem "deficits motores importantes", de acordo com o registro médico. "Ele era perfeito", afirma a avó.
Em entrevista ao Campo Grande News, a diarista afirmou que tudo começou quando ela percebeu que o neto estava aparecendo com vários hematomas no rosto, principalmente na região dos olhos. “Teve um dia que minha filha alegou ser alergia de algo que ele tinha comido, mas meu neto mais velho disse para mim que viu o padrasto dando um murro no irmão. Procurei a delegacia da criança e fiz o primeiro boletim de ocorrência”.
A dona de casa relata ainda que após a denúncia, a filha dela, mãe do menino, parou de frequentar sua casa. “Ela apareceu aqui quando veio me pedir dinheiro, era começo desse ano. Disse que precisa levar o mais novo no posto, pois ele tinha caído em casa e se machucado”, narrou.
No dia 27 de janeiro, a avó voltou à DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) para relatar que seu neto estava internado na Santa Casa com uma fratura no punho, que a mãe da criança alegava que a lesão havia acontecido porque o menino tinha caído em casa, mas ela não acreditava nessa versão. O caso foi investigado, após novo registro de ocorrência de maus-tratos e em escuta especial, o irmão mais velho da vítima confirmou ter visto o padrasto dar um soco no irmão.
Enquanto o pequeno ficou internado, a avó conseguiu uma medida protetiva que obrigava a mãe e o padrasto a ficarem a uma distância de 500 metros da criança, o que recentemente não estava sendo cumprido pelo padrasto, já que o casal foi morar em um terreno que fica nos fundos da casa da faxineira.
“Ele passa aqui na frente debochando da situação do meu neto. Ele teve algumas sequelas que eu tenho certeza que foi por conta da agressão, já que ele desenvolveu hidrocefalia. Se eu não tivesse conseguido a guarda e a medida protetiva, eu tenho certeza que meu neto teria se tornado mais um caso parecido com o da menininha de 2 anos [espancada até a morte pelo padrasto, segundo investigação da DEPCA]”, explica a avó materna.
Durante a entrevista, a tutora contou aliviada que havia acabado de receber a informação de que o suspeito, de 22 anos, havia sido preso por uma equipe da Polícia Civil, devido ao descumprimento da medida protetiva. “Isso é só um detalhe. Ele tem que ficar preso para sempre, por tudo que fez com o meu neto”, protesta.
A família segue sendo acompanhada pelo Conselho Tutelar da região norte. Devido à situação do menino, a avó não consegue mais sair para trabalhar e diz estar aceitando doações de alimento e de produtos de higiene. Ela atende pelo (67) 99276-7044.
Direto das Ruas - O pedido de ajuda chegou pelo Direto das Ruas, o canal de interação dos leitores com o Campo Grande News. Quem tiver flagrantes, sugestões, notícias, áudios, fotos e vídeos pode colaborar no WhatsApp pelo número (67) 99669-9563.
Clique aqui e envie agora uma sugestão.
Para que sua imagem tenha mais qualidade, orientamos que fotos e vídeos sejam feitos com o celular na posição horizontal.