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Direto das Ruas

Rapaz é agredido por seguranças em frente a hospital durante intervalo de almoço

Vítima diz que estava sentado na calçada quando foi abordado por homem que se identificou como segurança

Dayene Paz | 14/12/2022 09:21



"Fui literalmente pisado". A frase é de um rapaz, de 20 anos, agredido por supostos seguranças de um hospital localizado no Bairro Monte Castelo, em Campo Grande, no início da tarde desta terça-feira (13). Ainda abalado, agora, ele pede justiça. "Dois caras armados, te chamando de neguinho, te chamando de bosta, não abaixei a cabeça e não vou abaixar. Só quero justiça".

A vítima conversou com a reportagem do Campo Grande News pelo telefone e contou que a agressão ocorreu por volta das 12h10. "Trabalho em uma empresa de costura e na hora do almoço fui na lateral, na rua que eu sempre subo. Fico mexendo no celular, almoço, fico ali na calçada", conta.

O rapaz afirma que, como de praxe, passa em frente ao hospital. "Passei ali na frente, vi que um homem me encarou. Fiquei sentado um pouco mais próximo do hospital e vi que ele foi chegando mais perto. Me levantei, estava fumando um cigarro e até achei que ele iria pedir".

Contudo, o homem se apresentou como segurança do hospital e questionou o rapaz. "Porque você está encarando a empresa?". A vítima ainda se justificou, afirmando que estava em horário de almoço e como de costume sempre fica na calçada. Mas não foi o suficiente. "Falou 'pode falar o que você quer aqui neguinho, tá encarando aí neguinho' e eu explicando que não estava encarando", continua.

O suposto segurança, então, mandou que o rapaz saísse do local, mas a vítima contestou. Foi o momento em que o homem mostrou uma arma de fogo. "Você não sabe com quem está mexendo", ameaçou. A vítima, com medo, saiu do local e seguiu até um terreno baldio mais à frente, local onde chegou duas colegas de trabalho.

Foram poucos minutos até que o segurança voltou acompanhado por outro homem. "Você tem alguma coisa errada com a empresa?", questionou novamente um deles. A vítima, já sem entender, começou a discutir e afirmou que não abaixaria a cabeça. "Respondi 'eu não tenho problema nenhum, só quero comer e voltar para o serviço'. Os dois estavam armados e eu pedi para minhas amigas irem embora, mas elas levantaram e não foram", conta.

Foi então que começaram as agressões. Enquanto os supostos seguranças aplicavam golpe mata-leão, as colegas de trabalho passaram a gravar as agressões. "Depois começaram a falar que iriam atirar e eu gritava 'então atira'", lembra. Os seguranças só cessaram as agressões com o movimento de pessoas no local.

A vítima registrou boletim de ocorrência e afirma que quer justiça. "Foi desrespeito, passei vergonha e minhas duas amigas ficaram em choque. Não vou abaixar a cabeça, porque não é a primeira vez que acontece e não vai ser a última", pontua. O caso foi registrado como lesão corporal dolosa, injúria e ameaça.

A mãe da vítima, cabeleireira de 38 anos, contou que ficou sabendo sobre o que aconteceu e entrou em choque. "O celular dele quebrou e a maneira que ele teve foi mandando mensagem no Instagram. Entrei em choque, em desespero. Meu filho tem 20 anos, estuda, serviu o quartel, está trabalhando. Foi pela cor! Pela roupa! Porque ele usa calças largas e gosta de andar de skate! Ele não fez nada, não estava ameaçando ninguém", lamenta a mulher.

A mãe ainda contou que acionou a Polícia Militar, mas não obtiveram retorno naquele momento. "Não deram a menor bola, mas não vou desistir, porque ameaçaram ele. Estou muito indignada, revoltada", finalizou.

A reportagem entrou em contato com o hospital, mas não obteve resposta até a publicação do material. O espaço está aberto para retorno.

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