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Economia

Após 5 meses nas ruas, motoristas da Uber reclamam de poucas corridas

O número de motoristas cadastrados subiu e assim a concorrência aumentou dentro do Uber

Amanda Bogo | 05/02/2017 07:45
Serviço que atende chamadas por aplicativo começou a operar em Campo Grande em setembro de 2016 (Foto: Marcos Ermínio)
Serviço que atende chamadas por aplicativo começou a operar em Campo Grande em setembro de 2016 (Foto: Marcos Ermínio)

A Uber começou a operar em setembro do ano passado em Campo Grande e cinco meses após sua chegada na cidade os motoristas começam a sentir o fim da empolgação de lançamento, com a queda nas chamadas para as corridas. O fator responsável por isso seria o aumento do número de novos cadastrados na empresa.

Plínio de Oliveira Rosa, 51 anos, é corretor de imóveis e dirige de quatro a oito horas por dias pela cidade, há três meses e meio. Antes, ele arrecadava R$ 250 reais no período, hoje o valor caiu pela metade. Para ele, isso é consequência do aumento do número de motoristas, o que fez com que não houvesse mais com frequência o preço dinâmico, momento em que o custo aumenta e serve de estímulo a quem dirige.

“Nos últimos quarenta dias, o movimento foi fraco. Agora, só tem tarifa dinâmica sábado à noite, durante a semana é muito barato. A maioria das corridas custa R$ 8,00, 20% do valor fica para a Uber, estou tirando um pouco o pé por isso”, contou.

Segundo ele, a arrecadação hoje não cobre os valores de manutenção do veículo, além do combustível utilizado. “Quando entrei, tinham 200, hoje ouvi falar que são 600 motoristas, mas não sei se é verdade. Tem gente que parou de alugar carro porque não compensa. A gente acaba pagando para trabalhar”, reclamou.

Motorista há dois meses, estudante de 22 anos que não quis ser identificado disse que seu ganho que girava entre 15 a 20 reais por hora caiu pela metade. Para ele, a movimentação caiu no período das férias. “As pessoas saem da cidade e não chega turista aqui, então diminuiu. Mas isso varia de quantos dias você trabalha na semana e o horário, porque tem horário que tem mais chamadas”.

De acordo com o rapaz, ser apenas motorista da Uber hoje não é algo viável. “É para fazer como um segundo trabalho, uma renda extra. Se quiser sair para se dedicar, não vale a pena, porque como tem muitos motoristas, a concorrência está grande”.

Para piorar, o estudante afirma que o custo de manutenção do veículo tem sido algo que atrapalha devido as condições das vias de Campo Grande, repleta de buracos. Questionado se a concorrência com os táxis é algo que incomoda, ele negou a situação.

“Sempre tenho que fazer alinhamento e balanceamento devido aos buracos da cidade, mas isso é geral e todos reclamam, não é exclusivo nosso. Mas não vejo concorrência no táxi, pois 80% dos meus passageiros são jovens e usavam ônibus antes da Uber. E os táxis continuam aí porque as pessoas mais velhas, que tem mais dificuldade em lidar com tecnologia, acaba optando pelos serviços deles”.

Quem usa com frequência -  A jornalista Jéssika Corrêa, 23 anos, usou o serviço pela primeira vez em 2015 durante viagem a São Paulo, e em Campo Grande pede as corridas desde setembro de 2016. Na maioria das vezes, para sair com os amigos para bares e festas no final de semana.

“Geralmente consumo bebidas alcoólicas e prefiro deixar o carro em casa, sem falar na questão da segurança também. São vários fatores, desde o preço mais em conta, o tratamento ao cliente, o conforto”, declarou.

A jornalista nunca precisou pagar pelas corridas que solicitou até hoje, pois sempre aproveitou os descontos ganhos após os amigos usarem seu códio promocional, que dá direito a fazer um trajeto de até R$ 20 reais.

“Pra mim tem valido muito a pena. Não era usuária frequente de táxi, porque não tive uma boa experiência, já tentaram me cobrar mais do que o valor real, recusaram minha corrida. A crítica não é aos taxistas, porque o próprio sistema da máfia dos táxis os exploram, e sim aos donos dos pontos, que obrigam os taxistas a pagarem um absurdo de quilometragem e diária e arcar com todos os prejuízos sozinhos. Uma coisa é consequência da outra. Minha única crítica ao Uber é por não mostrarem mais a evolução dos preços dinâmicos”, diz.

Taxistas apostam na fidelização dos clientes que não migraram para a Uber (Foto: Amanda Bogo)
Taxistas apostam na fidelização dos clientes que não migraram para a Uber (Foto: Amanda Bogo)

Taxistas - Os taxistas foram os principais afetados com a chegada do serviço a Campo Grande. Cinco meses depois, continuam lamentando a falta de trabalho devido a concorrência.

"A Uber veio para ficar, independente de regulamentação e outras coisas. Ou você aceita o sistema, ou está fora do mercado", disse o taxista Júlio César Campos, 50 anos. Ele conseguia receber até R$ 5 mil mensais com o trabalho antes da Uber, e hoje afirma que ganha apenas R$ 1,5 mil.

"São os donos dos carros que buscam alternativas para ganhar mais, fazem promoções. O motorista acaba pagando a mesma coisa, e no fim não faz diferença".

Os trabalhadores apostam na fidelização dos clientes para manter os serviços. "Antes conseguia R$ 2,5 mil por mês, agora caiu pela metade. Todo mundo quer pagar pouco, por isso optam pelo serviço deles. Mas tem quem pensa no trabalhador que paga os impostos. Os nossos usuários não voltam, porque eles nunca saíram dos táxis", finaliza o taxista Luciano de Oliveira Coppes, 41 anos.

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