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Economia

Expedição Rila começa a voltar para casa trazendo avanços e "gargalos" na mala

Viajantes destacam investimentos em infraestrutura e problemas ainda enfrentados com questões alfandegárias

Por Danielly Escher e Paulo Cruz, da Argentina | 01/12/2023 16:29
Caminho feito pela expedição entre Argentina e Paraguai nesta sexta-feira (Foto: Paulo Cruz)
Caminho feito pela expedição entre Argentina e Paraguai nesta sexta-feira (Foto: Paulo Cruz)

A caravana da 3ª Expedição da Rila (Rota de Integração Latino-Americana) está perto do fim. Os viajantes percorrem nesta sexta-feira (1°) em torno de 1.000 km hoje de São Salvador de Jujuy até Assunção no Paraguai. Neste sábado (2), os participantes cumprem agenda com autoridades e depois retornam para Campo Grande, onde chegam no próximo domingo.

Alguns voltaram antes, como a prefeita Adriane Lopes (PP), que nesta quinta-feira (30) já cumpriu agenda na Capital. O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, também não está mais entre os participantes. Seguiu para a COP 28 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

A expedição chega hoje ao oitavo dia trazendo na mala importantes constatações do que já foi feito e o que ainda precisa avançar no corredor rodoviário ligando o Oceano Atlântico ao Pacífico (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile). Além de Rila, nos últimos anos, o caminho ganhou outros nomes, incluindo Rota 67 ou Bioceânica. São incansáveis discussões com os mais variados setores. Das autoridades de todos os países envolvidos até representantes de universidades com estudos sobre os impactos.

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Os 108 tripulantes da Expedição Rila saíram de Campo Grande em 35 caminhonetes na sexta-feira (24) para dez dias de viagem. Viram que a Ponte Binacional entre Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, e Carmelo Peralta, no Paraguai, está com 40% das obras prontas. Deve ser inaugurada até o final de 2025.

Ponte Binacional (Foto: Paulo Cruz)
Ponte Binacional (Foto: Paulo Cruz)

Estudos da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) apontam que o corredor pode encurtar em mais de 9,7 mil quilômetros de rota marítima a distância nas exportações brasileiras para a Ásia. Para a China, por exemplo, pode reduzir em 23% o tempo, cerca de 12 dias a menos que pelo Oceano Atlântico.

No domingo (26) o grupo chegou a San Salvador de Jujuy, e o trecho entre Loma Plata, Filadélfia e Mariscal Estigarribia chamou atenção pelas boas condições das estradas. Em seguida veio a parte complicada até a fronteira com a Argentina, mais de 100 quilômetros sem asfalto, postos de combustíveis, restaurantes e hotéis.

Caminhonete atolada (Foto: Paulo Cruz)
Caminhonete atolada (Foto: Paulo Cruz)

Alguns veículos da expedição atolaram no trecho. A previsão é de que o problema seja resolvido com obras de 220 km de pavimentação asfáltica previstas para começarem ainda este ano.

A passagem pela Cordilheira dos Andes e o Deserto do Atacama trouxe paisagens impressionantes aos viajantes. Visual classificado como incrível e encantador, sendo considerado o ápice da rota levando em conta a parte turística do caminho. É também um desafio, principalmente para os caminhões por conta das curvas fechadas.

Passagem da Expedição Rila pela Cordilheira dos Andes (Foto: Paulo Cruz)
Passagem da Expedição Rila pela Cordilheira dos Andes (Foto: Paulo Cruz)

Depois da fronteira entre Argentina e Chile, o grupo chegou até San Pedro de Atacama. A região chama atenção pelo potencial turístico e pela gastronomia, com produção relevante de legumes e hortaliças. É a maior exportadora de cítricos, tem toda a cadeia produtiva instalada, desde o cultivo ao processamento e comercialização das laranjas, limões e pomelo. A região também tem muito lítio, usado na indústria farmacêutica e de baterias automotivas. Há ainda a possibilidade de se tornar um dos centros logísticos multimodais com um parque industrial.

No quinto dia chegaram a Iquique, no Chile. A Zofri (Zona Franca de Iquique) é hoje um dos principais locais de comércio de produtos industrializados de alta tecnologia.

Fórum no Chile (Foto: Paulo Cruz)
Fórum no Chile (Foto: Paulo Cruz)

Dificuldades encontradas no percurso foram discutidos no 4º Fórum dos Territórios Subnacionais do Corredor Bioceânico iniciado na terça-feira (28). "Vimos que todos os países estão executando obras para ligar Porto Murtinho aos Portos Chilenos. Na questão alfandegária percebemos a dificuldade ao longo da expedição. Vimos também a necessidade de estabelecer um acordo sobre segurança para tráfego de cargas e pessoas", disse o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, detalhando o que ainda deve avançar para o funcionamento da Rota a partir de 2025.

Trecho de alfândega (Foto: Paulo Cruz)
Trecho de alfândega (Foto: Paulo Cruz)

O secretário municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio, Adelaido Vila, destaca que o caminhão da Rota com carne retido na Receita Federal mostra o propósito da expedição de entender os obstáculos. “O mercado precisa conhecer melhor a viabilidade do traçado e por mais que existam pontos a serem corrigidos, o Corredor Bioceânico já é uma realidade", disse.

De acordo com o secretário, a possibilidade de negócios pela Rota já é possível. "O sal é uma excelente oportunidade. Temos um grande rebanho bovino que hoje são alimentados com sal e outros nutrientes de forma separada. O Chile tem uma tecnologia em que junto com o sal são colocados todos os nutrientes prensados em blocos. Tivemos uma reunião sobre isso antes de virmos embora. Tem sal lá com 98% de pureza, tirado a 20 metros de profundidade. O sal deles nos interessa e podemos vender proteína para eles que hoje compram da Argentina", explica.

Adelaido Vila (Foto: Reprodução)
Adelaido Vila (Foto: Reprodução)

Outra oportunidade de negócios, segundo Adelaido Vila, envolve o turismo. Ele conta que o Chile tem políticas para incentivar idosos a viajarem e o destino deles costuma ser o Rio de Janeiro. "Por conta do que está acontecendo lá, alguns idosos estão deixando de ir e Campo Grande pode ser uma boa opção. Temos coisas que eles não têm. Verde, fazendas, Pantanal, Bioparque. Ontem tivemos uma reunião com a Secretaria de Turismo do Chile. Queremos convencer empresas aéreas a oferecerem ao menos um voo por semana direto de Iquique a Campo Grande. O governo Chileno se comprometeria a subsidiar parte da passagem aos idosos", finaliza o secretário.

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