Frigorífico Independência pede recuperação judicial
O presidente da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Ademar da Silva Júnior, informou hoje que o frigorífico Independência entrou com pedido de recuperação judicial na comarca de Cajamar (São Paulo).
Ademar conversou hoje sobre o assunto com a presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), senadora Kátia Abreu (DEM-GO), o presidente do Fórum Permanente da Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira e com o presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Roberto Giannetti da Fonseca.
"A Abiec nos posicionou sobre a situação do Independência hoje. Com a queda das exportações e também a queda do preço da tonelada, a crise financeira pesou mais ainda para o frigorífico que também tem créditos tributários a receber", explicou Ademar da Silva Júnior.
O presidente da Famasul acredita que o frigorífico Independência honrará seus compromissos. Hoje, o grupo conta com 12 unidades no País e 10 mil colaboradores diretos dão suporte à empresa.
Todas as unidades do grupo Independência no País suspenderam os abates no dia 26 do mês passado, dentre elas a de Nova Andradina e de Anastácio. A alegação do grupo é que houve um "problema de fluxo de caixa".
A suspensão dos abates ocorre menos de um mês após o fechamento da unidade em Campo Grande, que vinha operando com capacidade ociosa.
Oficial - Na primeira declaração oficial desde a suspensão, divulgada hoje pela empresa, o frigorífico diz que "à luz das mudanças materiais adversas nos mercados global e brasileiro de carne bovina, a contínua volatilidade e turbulência nos mercados financeiros do Brasil e do mundo, e com o objetivo de preservar o caixa necessário para dar continuidade às suas operações, a Companhia recorreu à proteção judicial", diz a nota.
O Independência também informa que vai apresentar em 60 dias, a contar da decisão da Justiça em conceder a recuperação, um plano de reorganização perante seus credores.
"O plano irá detalhar as providências a serem tomadas de forma a permitir que a companhia endireitar sua atual situação financeira, de forma a viabilizar a continuidade de seus negócios e satisfação dos interesses comuns de todas as partes envolvidas".
A recuperação judicial estabelece regras para negociar com os credores reunidos em assembléia, que poderão rejeitar o plano de recuperação, propondo ou não alterações.
No primeiro caso o devedor se submete a aceitá-las, pois, caso contrário poderá ser declarada sua falência se as modificações não forem abusivas, como ocorre, de forma geral, no segundo caso, ou seja, o destino da empresa passa para as mãos dos credores e não fica unicamente nas mãos do devedor, como ocorre atualmente com a concordata, onde o devedor seguindo o que está estabelecido na lei se propõe a pagar seus credores à vista, em 6, 12,18 e 24 meses.
Não existe mais um prazo limitado para os pagamentos, assim pode ser apresentado um plano propondo o pagamento da dívida em 10 anos.
Até a noite de sexta-feira, o Independência tentava negociar junto ao Bando Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a liberação da segunda parcela do aporte anunciado pelo banco em novembro do ano passado. Fontes informaram que a direção da empresa chegou a se reunir com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para tentar viabilizar a liberação, o que aparentemente, não aconteceu. Em novembro, o banco estatal de fomento aplicou R$ 250 milhões no frigorífico e outra parcela de R$ 200 milhões deveria ser liberada.