Vistoria nesta terça-feira vai definir local de ponte sobre o Rio Paraguai
Projeto original prevê a construção de estrutura a dez quilômetros da zona urbana de Porto Murtinho, financiada pela Itaipu do Paraguai
Representantes da Itaipu Binacional visitam nesta terça-feira (19) a região de Porto Murtinho –a 431 km de Campo Grande– para encaminhar estudos sobre o local exato para a construção da ponte sobre o Rio Paraguai, que ligará a comunidade brasileira ao município paraguaio de Carmelo Peralta e deve se consolidar como trecho da Rota Bioceânica rumo ao Chile e ao Oceano Pacífico. A obra foi estimada em US$ 70 milhões e será bancada pelo país vizinho.
De acordo com Carlos Marun, conselheiro da Itaipu Binacional e ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência na gestão do então presidente Michel Temer –que deu encaminhamentos iniciais para a construção das pontes em Murtinho e Foz do Iguaçu (PR)–, a visita técnica contará com comitiva chefiada do diretor-geral da Itaipu do Paraguai, José Alberto Alderete Rodriguez, que levará engenheiros à região, “para avaliar o local proposto para o traçado de passagem da ponte. É uma visita importante de caráter técnico”.
O local escolhido para o traçado da ponte fica a pouco mais dez quilômetros da área urbana de Porto Murtinho. O acesso pelo lado brasileiro ocorreria a partir da BR-267 –que liga a zona urbana do município ao restante do país–, tangenciando a cidade. No lado paraguaio, seriam mais quatro quilômetros até a área urbana de Carmelo Peralta, de onde partirá uma estrada com 250 quilômetros até a comunidade de Loma Plata.
“Ao final (da visita) deve ser definido o local exato da construção da ponte”, reiterou Marun, segundo quem a obra “será construída através da diretoria paraguaia de Itaipu, chamada Margem Direita. Isso representa quase um pontapé inicial nos trabalhos”, prosseguiu o conselheiro, que participa da vistoria representando o diretor-geral brasileiro na Itaipu Binacional, o general Silvio Luna.
Rota – A obra da rodovia paraguaia que vai integrar a Rota Bioceânica foi confirmada em 11 de fevereiro pelo Ministério de Obras Públicas e Comunicações do Paraguai, já como parte da Rota Bioceânica.
Espera-se que a pavimentação seja concluída em 40 meses pelo Consórcio Corredor Vial Bioceánico, ligando os departamentos (Estados) do Alto Paraguay, Presidente Hayes e Boquerón (no norte do país vizinho) aos portos de Iquique, Antofagasta e Arica, no Chile –passando pelas cidades de Mariscal Estigarribia (Paraguai), Pozo Hondo, Tartagal e Jujuy (Argentina), e Paso Jama e Calama (Chile).
No Paraguai, o primeiro trecho terá 277 quilômetros, incluindo quatro pontes (três de 20 metros e uma de 25 metros). O projeto inclui também uma segunda estrada, entre Mariscal Estigarriba e a fronteira com a Argentina, com a extensão de 354 km.
Várias delegações sul-mato-grossenses já realizaram estudos pelo continente sul-americano em busca de rotas que encurtem o acesso aos portos no Pacífico. O objetivo é baratear o acesso ao mercado asiático –principalmente a China. Hoje, a produção do Estado precisa seguir pelo Oceano Atlântico e contornar o continente ao sul ou atravessar a América Central pelo Canal do Panamá, em um trajeto mais extenso e caro.
Pontes – Temer deu início a tratativas, mantidas na gestão do presidente Jair Bolsonaro, com o governo do Paraguai para a construção de duas pontes sobre o Rio Paraguai. Além da travessia em Mato Grosso do Sul, uma estrutura, já licitada, ficará também em Foz do Iguaçu, onde já existe a Ponte da Amizade (que se liga à Ciudad del Este), mas em direção à cidade de Presidente Franco. O custo também foi orçado em US$ 70 milhões.
Na semana passada, o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez, em visita a Bolsonaro, anunciou a construção de uma segunda ponte na fronteira entre Paraguai e Mato Grosso do Sul, também em Porto Murtinho –mas a 50 km ao sul da zona urbana, com destino às comunidades de San Lázaro e Puerto Valle-Mi. A estrutura teve custo estimado em R$ 25 milhões.