Vizinhos da folia, moradores usam criatividade para conseguir renda extra
Venda de caldos, espetinhos, bebidas e até banheiro para foliões fazem a festa de quem trabalha durante o Carnaval
Enquanto muitos caem na folia, há quem aproveite o Carnaval para lucrar um dinheiro extra. Exemplo disso é o comércio na Orla Ferroviária, onde ocorre o carnaval de rua de Campo Grande. Além dos vendedores ambulantes que se instalam na região da festa, o comércio local e até mesmo as os moradores improvisam, alugando banheiros ou vendendo refeições aos foliões. Há cartazes por todos os lados indicando valores e onde encontrar.
A produtora teatral Beth Terras mora há três anos na rua Dr. Ferreira, lateral à General Melo, onde concentram os blocos e viu no Carnaval a oportunidade de incrementar a renda. Além de alugar o banheiro da residência a R$ 2, ela vende espetinhos, caldos e batidinhas e cedeu a garagem da casa para que amigas vendessem cerveja, água e brigadeiros.
"Está ótimo, ano passado, durante toda a festa eu lucrei R$ 800. Neste ano, apenas em dois dias já faturei R$ 600 e ainda tem amanhã. Entre sábado e ontem vendi 110 espetos e já foram mais de 3 kg de feijão para os caldos. O banheiro foram umas 50 pessoas por dia", conta Beth.
Proprietário de um dos bares mais tradicionais da região, o Zé Carioca, o comerciante Reginaldo Silva de Sales inovou neste Carnaval. Além das vendas, que segundo ele, melhoram consideravelmente no período da festa, a cobrança de R$ 1 a R$ 2 para que os foliões usem o banheiro também foi lucrativa.
"Para o bar a festa é muito boa, vendemos em quatro dias o equivalente ao mês todo e como não há muitos banheiros químicos e o pessoal não tem paciência de esperar na fila, esse ano estamos deixando usar o daqui. Sábado cobramos R$ 2 e ontem R$ 1. Deu uma média de 250 pessoas usando por dia", relata.
Ambulantes - Para quem decidiu fixar ponto nas ruas entorno a Orla Ferroviária, o sacrifício é grande. Mesmo no forte sol das tardes e com as pancadas de chuva que atingem a Capital todos os dias, os vendedores não podem sair do local, para não perder o ponto, inclusive, dormem no local desde sábado.
Com uma barraca de lanches, espetos, pastéis e bebidas, Idiram Santos não revela o lucro, pois, acredita que "faz crescer os olhos" da concorrência, mas diz que as vendas estão muito melhores que os últimos eventos que trabalhou.
"Trabalho só em festa, show, rodeio e o último foi final do ano, em show sertanejo. Aqui está bem melhor", revela o ambulante, que tem o ponto na rua Dr. Temístocles.
Um pouco mais distante da concentração, na rua 14 de Julho, já próximo à avenida Mato Grosso, os vendedores Arnaldo Rodrigues e Fernando Martinez não comemoram tanto as vendas. Há dois anos trabalhando no Carnaval, eles acreditam que o folião está mais comedido e levando bebida de casa.
"Vendi R$ 1.300 em outros anos e nesse até agora, uns R$ 700 em dois dias", adianta Martinez.
Já o outro vendedor, espera que haja reação entre hoje e amanhã. "Vamos ver amanhã, o último dia sempre é cheio, mas ontem mesmo foi muito parado", conta Rodrigues.
Além das casas, bares e ambulantes que não tem pontos fixos, três tendas fixas vendem bebidas e refeições no entorno onde passam os blocos e mais de 20 outros ambulantes com pontos fixos trabalham no local.