A surpresa que veio do céu de Campo Grande
Hoje vou contar a experiência que tive como repórter esportivo ao presenciar a aparição de um objeto voador não identificado no céu de Campo Grande. Uma visão inesquecível de uma coisa de formato arredondado e luminosa, que surgiu em meio a uma nevoa transparente sobre o Estádio Morenão a partir do Autocine.
Era 6 de março de 1982. O estádio fervilhava com quase 30 mil torcedores presentes para acompanhar o jogo entre Operário Futebol Clube e Vasco da Gama pela segunda fase do Campeonato Brasileiro. A bilheteria do estádio registrou 25.574 pagantes. Nada mal para uma noite de sábado. E a grande maioria de operarianos entusiasmados e felizes com seu time forte e competitivo.
Em campo, havia grandes jogadores de parte a parte. De um lado, craques como Arthurzinho, Pastoril, Kleber Gouveia e Jones pelo Operário; do outro, Pedrinho, Roberto Dinamite e Claudio Adão pelo Vasco. Aquele povo todo nas arquibancadas do estádio poderia esperar de tudo, belas jogadas, belos gols ou até algumas pixotadas, mas nem de longe imaginava entrar para a história como parte do maior avistamento coletivo de um objeto que 32 anos depois continua não identificado.
Empurrado por uma torcida apaixonada, logo aos 17 minutos do primeiro tempo o Operário fez 1 a 0 com Jones. Era o início de uma festa perfeita e sem surpresa. Pelo menos, em campo, tanto que o favorito Operário acabou vencendo por 2 a 0 com dois gols de Jones.
Mas a surpresa viria do céu. Todas as atenções estavam voltadas para o gramado, quando apareceu aquele objeto luminoso sobre o estádio, vindo do centro de Campo Grande sentido saída para São Paulo. Surgiu cercado de luzes multicoloridas por entre as torres de iluminação, e sem fazer nenhum barulho, nenhum tipo de ruído.
De onde eu estava como repórter da Rádio Cultura de Campo Grande, atrás do gol do placar eletrônico, tive a impressão de que aquilo viria na minha direção. No primeiro momento pensei que fosse um avião com paraquedistas. Afinal, era comum paraquedistas saltarem no Morenão em dias de grandes jogos, especialmente do Campeonato Brasileiro. Mas isso aos domingos e em plena luz do dia, nunca à noite, e logo descartei essa possibilidade. E mais: a partida já estava em andamento e ninguém que não fizesse parte do espetáculo ousaria pisar no gramado com o Operário em ação sob o comando do respeitado treinador Carlos Castilho.
Toda a cena não durou mais do que um minuto, mas tudo o que aconteceu nesse curto espaço de tempo foi tão inusitado quanto indescritível. Nada parecido com o que estamos acostumados a ver. Nada que um equipamento aéreo desse nosso mundo fosse capaz de fazer, mesmo hoje, 32 anos depois.
Foram duas paradas no ar e dois deslocamentos tão rápidos quanto um piscar de olhos num espaço de menos de 200 metros. A primeira parada foi sobre a marquise do estádio, logo que surgiu vindo da direção do Autocine, como quem avaliasse se a expedição valeria a pena, e outra na altura do centro do gramado. Os dois deslocamentos em altíssima velocidade foram a partir da marquise para o centro do gramado e a arrancada final por sobre a arquibancada descoberta, uma espécie de saída triunfal.
Tenho cravada em minha mente a cena da paradinha daquela luz silenciosa no centro do gramado com o lateral-direito Cocada, então uma jovem promessa do futebol campo-grandense, que naquele jogo substituía o titular Lotti, suspenso, e o árbitro José de Assis Aragão, ambos olhando para o céu, apesar de toda a adrenalina da partida, na tentativa de identificar o que estava acontecendo. Disso até hoje não há certeza ou pelo menos nunca houve uma explicação oficial.
Eu estava lá. Eu e quase 30 mil torcedores que lotavam as arquibancadas do estádio. Vi o que eu vi. Não posso afirmar que se trava de extraterrestres, mas tenho a certeza de que não era um equipamento aéreo desse mundo. Ah, disso tenho certeza absoluta.