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Arquitetura

Casa tem relíquias do século XVIII e estátua que foi de traficante famoso

Celso é apaixonado por móveis antigos e quase toda a decoração da casa foi adquirida em leilões

Por Idaicy Solano | 26/06/2024 06:34
Apaixonado por antiguidades, Celso levou 15 anos para reunir todas as peças (Foto: Osmar Veiga)
Apaixonado por antiguidades, Celso levou 15 anos para reunir todas as peças (Foto: Osmar Veiga)

Escondida entre prédios no centro de Campo Grande, uma casa na Rua Sete de Setembro se mostra mais surpreendente depois de alguns minutos observando árvores, estátuas e até mesmo um chafariz no jardim. Celso Pereira da Silva, de 71 anos, levou anos para reunir relíquias que estão por toda residência e ele não abre mão por nada.

A casa foi construída em 1970 pelo arquiteto Arnaldino Silva e foi comprada por Celso há 15 anos. Possui mais de nove ambientes, incluindo duas suítes no andar de cima e duas salas no andar de baixo. A escada, portas e piso da residência são de madeira, além das enormes janelas que deixam a casa bem arejada.

Foi projetada para acompanhar a movimentação do sol e possui claraboia em todos os quartos para garantir iluminação natural e circulação de vento. As janelas e portas que dão acesso ao jardim são todas trabalhadas em vidro e ferro. Apesar da arquitetura rústica e antiga, o que realmente chama atenção na residência é o acervo do dono, do qual a maioria das peças, Celso conta, arrematou em leilões. "Eu sou apaixonado por móveis antigos, pelo estilo francês", conta.

Sala de estar da casa é repleta de móveis feitos de madeira ou em mármore (Foto: Osmar Veiga)
Sala de estar da casa é repleta de móveis feitos de madeira ou em mármore (Foto: Osmar Veiga)
Paredes são cheias de quadros pendurados; escadaria e piso são feitos de madeira (Foto: Osmar Veiga)
Paredes são cheias de quadros pendurados; escadaria e piso são feitos de madeira (Foto: Osmar Veiga)
Decoração conta com diversos vasos, pratarias e castiçais (Foto: Osmar Veiga)
Decoração conta com diversos vasos, pratarias e castiçais (Foto: Osmar Veiga)

Começando pelo jardim, o aposentado possui quatro vasos de flores enormes, todos trabalhados em mármore, e uma escultura da Deusa do Vinho. Esses itens pertenciam anteriormente à casa do traficante Cabeça Branca, foram a leilão e acabaram sendo arrematados por Celso.

Também fazem parte da decoração um chafariz e estátuas de Ninfas Panateneias, um par de esculturas tocheiras francesas. Sobre o chafariz, Celso conta que veio da China diretamente para o Rio de Janeiro e acabou no seu quintal após ele adquirir a decoração em um leilão.

Na área externa com piscina, o espaço é decorado com floreiras de mármore e vários postes e luminárias de bronze. "Essas luminárias eu vi em uma viagem que fiz à Argentina. Eu disse 'preciso colocar umas dessas na minha casa'", conta.

Escultura da Deusa do Vinho pertenceu ao Cabeça Branca, traficante famoso (Foto: Osmar Veiga)
Escultura da Deusa do Vinho pertenceu ao Cabeça Branca, traficante famoso (Foto: Osmar Veiga)
Chafariz foi adquirido em leilão no Rio de Janeiro (Foto: Osmar Veiga)
Chafariz foi adquirido em leilão no Rio de Janeiro (Foto: Osmar Veiga)

Entrar na casa de Celso é como ser transportado para a Europa Ocidental. O aposentado possui um verdadeiro museu particular, com centenas de itens que remetem à religiosidade e à arquitetura dos séculos XVIII e XIX.

Em seu acervo, o aposentado possui pelo menos 200 itens de pratarias, que variam entre sopeiras, jogos de pratos, talheres e taças. Esses itens ficam todos guardados no porão.

Entre outros itens arrematados em leilões, estão inclusas duas Palmas Jesuítas, taças Baccarat do século XVIII, castiçais franceses, uma escultura do nascimento de Ártemis e várias peças que compõem o altar religioso da igreja católica, como a imagem de Cristo crucificado e cálices utilizados para a hóstia. "Eu sou protestante, mas gosto das peças; acho muito bonito o rito católico", conta.

Coleção de taças do século 18 (Foto: Osmar Veiga)
Coleção de taças do século 18 (Foto: Osmar Veiga)
Todas as peças foram adquirdas por Celso em leilões (Foto: Osmar Veiga)
Todas as peças foram adquirdas por Celso em leilões (Foto: Osmar Veiga)
Itens que compõem altar católico (Foto: Osmar Veiga)
Itens que compõem altar católico (Foto: Osmar Veiga)
Lustre também foi comprado em leilão (Foto: Osmar Veiga)
Lustre também foi comprado em leilão (Foto: Osmar Veiga)

Os móveis da casa são predominantemente feitos de madeira ou mármore, inspirados nas mobílias típicas dos séculos XVIII e XIX. As cômodas e camas dos quartos, por exemplo, são inspiradas no estilo português. Na sala, uma das poltronas, Celso conta que é uma réplica dos tronos usados na Europa Ocidental no século XVI. Os móveis foram adquiridos ao longo dos últimos 15 anos em lojas que reproduzem peças antigas.

Poltrona é réplica de tronos utilizados na Europa no século 16 (Foto: Osmar Veiga)
Poltrona é réplica de tronos utilizados na Europa no século 16 (Foto: Osmar Veiga)
Cômoda de madeira foi inspirada no estilo dos móveis portugueses do ano de 1800 (Foto: Osmar Veiga)
Cômoda de madeira foi inspirada no estilo dos móveis portugueses do ano de 1800 (Foto: Osmar Veiga)

Apaixonado por arte, todas as paredes são preenchidas com quadros das mais diversas pinturas e artistas. O aposentado possui tantos quadros que não soube contabilizar, e muitos nem sequer estão pendurados por falta de espaço.

O quadro mais especial para ele, no entanto, é uma pintura impressionista que retrata um jardim de flores. Ele relata que a obra foi feita por uma querida amiga artista já falecida, chamada Raquel Taraboreli. "Quando você desce as escadas e olha para a pintura, é como se estivesse entrando pelo caminho de flores. Esse eu não tiro por nada, tenho um carinho especial por ele", finaliza.

Quadro foi presente de amiga querida que já faleceu, e é o favorito de Celso (Foto: Osmar Veiga)
Quadro foi presente de amiga querida que já faleceu, e é o favorito de Celso (Foto: Osmar Veiga)

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