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Arquitetura

Rubens levou 30 anos fotografando MS para história não sumir

Arquiteto, Rubens reuniu equipe para mapear o patrimônio histórico e cultural após projeto na década de 1990

Por Aletheya Alves | 14/08/2024 06:23
Imagens da Igreja Matriz Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Aquidauana. (Foto: Marcos Maluf)
Imagens da Igreja Matriz Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Aquidauana. (Foto: Marcos Maluf)

Lá em 1995, Rubens de Moraes da Costa Marques viajou pelas cidades mais antigas de Mato Grosso do Sul com intuito de nortear um projeto de graduação e começou a produzir um arquivo de construções que fazem parte do patrimônio histórico e cultural. Desde então, não parou mais e lá se foram quase 30 anos mapeando “paredes” para nossa história não sumir.

“O patrimônio, infelizmente, é muito difícil porque a arquitetura envolve investimento. Por isso batemos na tecla da conservação para não deixar tudo caindo e depois precisar restaurar”, introduz o arquiteto. Apesar de haver ações que tentam frear a destruição das narrativas contadas com as construções, muito se perde.

E é com isso em mente que Rubens decidiu desenvolver a Trilogia do Patrimônio Histórico e Cultural Sul-Mato-Grossense em 1999. Desde então, passou a fazer o levantamento em nove municípios com uma equipe de profissionais da arquitetura, história, design e fotografia.

Mas além de fazer registros objetivos, a ideia era também ouvir as pessoas e entender o que havia se passado por ali e qual a importância disso tudo.

Nova edição do estudo com fotografias e informações atualizadas. (Foto: Marcos Maluf)
Nova edição do estudo com fotografias e informações atualizadas. (Foto: Marcos Maluf)

“Nós temos muitas histórias perdidas e os antigos detém esse conhecimento. Mesmo assim, um dos problemas que a ânsia pelo novo que acaba gerando uma vontade de derrubar o que existia, muita gente fala de ‘casa velha’. É por isso que acredito na educação porque essa falta de conhecimento sobre a importância, muitas vezes, não é maldade”, descreve o arquiteto.

Na prática, falando sobre a pesquisa, mais de três mil fotografias foram registradas em Porto Murtinho, Bela Vista, Anastácio, Aquidauana, Campo Grande, Nioaque, Miranda, Ladário e Corumbá. Em viagens pelos municípios, o arquiteto tomou café com os moradores, revisitou prédios e refez imagens com auxílio de novos equipamentos como drones.

Nesse processo, percebeu que muito havia se perdido e estava em situação pior do que décadas atrás. E com esses “detalhes” consegue provar a necessidade dos registros.

“O grande mérito desse trabalho é o levantamento arquitetônico porque temos muita coisa perdida. Cidades extremamente históricas como Nioaque e Miranda estão perdendo edifícios quase bicentenários, é uma pena”.

Registro antigo da Prefeitura Cuê, em Porto Murtinho. (Foto: Instituto Casa e Memória)
Registro antigo da Prefeitura Cuê, em Porto Murtinho. (Foto: Instituto Casa e Memória)

Para Rubens, com as paredes e tetos se desfazendo, itens sendo desgastados, a história também vai ruindo. “Por isso é necessária a conservação, esses edifícios são aulas de história e contam o processo de ocupação do oeste brasileiro”, defende.

Como outras duas edições do livro já foram publicadas em anos anteriores, ele também destaca como o saber gera uma identificação na população. Para ele, conhecer permite que as pessoas se aproximem e queiram entender mais.

“Nós não estamos falando de congelar tudo quando queremos o tombamento, mas não dá para negar a necessidade. Também precisamos conservar com esse tombamento e minha luta é gerar essa consciência, preservar nossa história”, comenta.

E, completando sobre a obra (patrocinada pelo Fundo de Investimentos Culturais de MS), ele detalha que há uma contextualização também necessária. “As novas imagens em confronto com as anteriores externalizam bons e maus exemplos da gestão do nosso patrimônio cultural. Poucos estados do Brasil têm um compêndio acerca de sua herança arquitetônica como o material aqui apresentado”.

Além do livro com suas 400 páginas, o arquiteto também se dedica a ministrar palestras para adolescentes em escolas. “Os jovens precisam ser educados para que exista a conscientização, é assim que vamos nos manter”.

Lançamento - O evento será no dia 20 de agosto, às 19h30min, na Plataforma Cultural (Avenida Calógeras, 3.015).

Lançamento do livro em sua terceira edição será no dia 20 de agosto. (Foto: Marcos Maluf)
Lançamento do livro em sua terceira edição será no dia 20 de agosto. (Foto: Marcos Maluf)

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