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Artes

Com minoria conhecendo artistas, Bení luta para mostrar resistência

Em enquete do Campo Grande News, apenas 11% dos leitores apontaram conhecer algum artista indígena de MS

Por Aletheya Alves | 19/11/2023 08:10
Benilda entregando camiseta autoral para a atriz Dira Paes. (Foto: Arquivo pessoal)
Benilda entregando camiseta autoral para a atriz Dira Paes. (Foto: Arquivo pessoal)


“Todos nós, indígenas, temos a arte em nós. Vou até as comunidades apenas para fortalecer esse movimento”, introduz a artista kadiwéu, professora, designer e mestranda, Benilda Vergílio. Sabendo que muitas comunidades precisam de apoio para manter as artes tradicionais, Bení ainda precisa lutar para mostrar que os diferentes povos e artistas não podem ser colocados no mesmo balaio.

Em enquete realizada pelo Campo Grande News neste sábado (18), apenas 11% dos leitores disseram conhecer artistas indígenas estaduais. Enquanto isso, a grande maioria continua distante da produção feita por povos originários.

Por ser do povo kadiwéu, Benilda conta que suas caminhadas pelo Estado acabam se envolvendo mais com sua etnia. Apesar disso, os grafismos de outros povos também se conectam com essa valorização.

Há anos envolvida com o processo de destacar os grafismos e artes em geral, ela narra que começou com trabalhos próximos de sua atuação como estilista. “Sempre busquei parceiros do povo kadiwéu por ser artista indígena e estilista de moda autoral. Me inspiro nos símbolos da minha etnia e coloco nas roupas, telas, tudo o que você imaginar”.

Grafismos são levados para roupas por Benilda. (Foto: Arquivo pessoal)
Grafismos são levados para roupas por Benilda. (Foto: Arquivo pessoal)

Com isso em mente, desfiles eram feitos em parceria com universitários, militantes e amigos. “A ideia era tirar os paradigmas e mostrar que nós, indígenas, temos história, por exemplo, com tecidos como o algodão. No passado, eram feitas linhas pelos anciãos que tinham técnica de fazer bolsas e roupas com o algodão plantado e colhido por eles”, diz.

Nesse sentido, a artista pontua que tudo o que é feito culturalmente na atualidade tem relação com a ancestralidade. E, para valorizar esse conhecimento de geração em geração, Benilda tem buscado parcerias para ir até comunidades e reforçar a importância dos grafismos kadiwéu.

“O maior resultado é fazer com que a comunidade desperte e continue fazendo seus grafismos. O grafismo é de um coletivo, mas reconhecemos nele o traço de cada mulher. É importante que as comunidades abracem cada vez mais essa arte porque todo kadiwéu tem essa arte em si”, defende.

Outro ponto destacado por Benilda é que os povos já têm essa arte como herança, então o necessário é lembrar do despertar e garantir materiais para que ela continue. “Tento levar subsídios como tinta para que consigam praticar”.

Em oficinas, a artista também dá dicas sobre acabamento e formas de empreender. “Tento fortalecer essa rede de economia de mulheres, até porque a arte é uma renda extra unida com o prazer de produzir. Hoje, minha vontade é chegar a outras aldeias e conseguir ainda mais parceiros”, completa.

Para acompanhar o trabalho de Benilda, o perfil no Instagram é @examelexe.

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