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Artes

Em exposição, alegria do filho é ganhar o apoio da mãe para grafitar as paredes

Em galeria de arte, novos talentos do grafite são revelados e artistas comemoram o apoio da família

Thailla Torres | 22/02/2019 09:08
Kátia ao lado do filho em sua primeira exposição, após oficina de grafite. (Foto: Thailla Torres)
Kátia ao lado do filho em sua primeira exposição, após oficina de grafite. (Foto: Thailla Torres)

A trajetória do grafite das ruas às galerias de arte ainda é marcada pela discriminação. Há quem chame a arte de “pichação”. Mas no caminho do trabalho, o colorido da calçada e das paredes de uma galeria de arte, na Rua 26 de Agosto, não deram espaço para ignorância e fizeram uma mãe pensar diferente sobre o talento do filho, que agora sonha em encontrar paredes para grafitar.

“Foi graças a ela que eu fiz meu primeiro grafite”, diz o estudante Marcus Vinicius, de 15 anos, em sua primeira exposição após uma oficina de grafite que durou meses.

Um astronauta com traços feitos em pincel e spray não dizem muita coisa para o adolescente, mas o sorriso da mãe Katia Bello, de 47 anos, diz tudo. “Eu fiquei muito feliz, mais ainda por ver que ele teve a chance de executar um talento que é dele”, diz a mãe.

Marilena Grolli e parte da turma de novos grafiteiros. (Foto: Thailla Torres)
Marilena Grolli e parte da turma de novos grafiteiros. (Foto: Thailla Torres)

Foi ela que no caminho para o trabalho viu a galeria de arte grafitada e o anúncio da oficina. “Eu sabia que Marcus desenhava muito bem, mas nunca imaginei meu filho grafitando uma parede. Mas acho que as cores me fizeram pensar diferente e cheguei em casa contando para ele da oficina”.

Marcus não esconde ficou surpreso com a atitude da mãe. “Muitos pais chamam isso de pichação, e quando ela me falou, achei ela incrível. Pensava que ela fosse querer me ver só pintando telas”.

Marcus então começou as aulas e o desafio de acertar os traços. “Como eu estou começando, ainda é difícil manter o traço normal. Mas o grafite te trás liberdade, não regras para a beleza, toda obra tem seus encantos”, diz o jovem.

O mesmo olhar fez o acadêmico de Letras e Artes Visuais, Michael Passos, de 17 anos, encarar o grafite. “Comecei mesmo pela admiração, não achava que conseguiria pintar algo com o grafite, mas o trabalho da Marilena é incrível e quis aprender”.

A oficina trouxe técnica e surpresas ao Michael. “Um vizinho até mudou de ideia e vai deixar eu grafitar o muro dele em breve”, diz contente.

Para a proprietária da galeria de arte, Marilena Grolli, o sorriso dos alunos é uma vitória. “Nós, que vivemos o universo hip hop, sabemos das alegrias e tristezas. Ainda não é fácil fazer as pessoas entenderem que o nosso trabalho também é arte, é cultura, é união. Mas isso vem mudando e essa mãe é um grande exemplo, de quem soube dar valor à arte e ao talento de um filho”.

Quem quiser conhecer o espaço, a Grolli Galeria fica na Rua 26 de Agosto, 210 - Centro.

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Michael com sua primeira obra de arte feita com spray. (Foto: Thailla Torres)
Michael com sua primeira obra de arte feita com spray. (Foto: Thailla Torres)
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