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Artes

Há 6 anos fora, campo-grandense transforma paixão ao Carnaval em jogo

O artista visual encontrou um meio de dar visibilidade à sua carreira e ao Carnaval

Tatiana Marin | 05/03/2019 17:17
Gres: Desfile é um jogo inspirado nas escolas de samba. (Foto: Divulgação)
Gres: Desfile é um jogo inspirado nas escolas de samba. (Foto: Divulgação)

O artista visual campo-grandense Paulo Corbelino, de 34 anos, ama o Carnaval desde quando era ninado pelo pai ao som de sambas enredo. Ele cresceu e a devoção também. Morando em Londres há seis anos, ele descobriu um meio de unir e trazer visibilidade tanto à paixão como à carreira e criou um um jogo de cartas, onde o objetivo é criar um desfile de escola de samba.

“O jogo vem da minha loucura, minha paixão pelo Carnaval. Eu sempre fui apaixonado, desde que meu pai cantava sambas de enredo pra eu dormir quando bebê, segundo o que ele me conta. Carnaval é uma coisa que vivo o ano inteiro”, conta Paulo.

Cartas do jogo Gres. (Foto: Divulgação)
Cartas do jogo Gres. (Foto: Divulgação)

A arte surgiu quase que incidentalmente em sua vida, já que cursou Turismo em Campo Grande e chegou a trabalhar no Museu das Culturas Dom Bosco, onde teve contato com a arte plumária indígena. Mas Paulo sempre gostou e já trabalhava com arte em papel antes de mergulhar de cabeça no ramo artístico. “Em Campo Grande fazia origami, por causa da influência japonesa e em Londres trabalhei com paper cutting”, detalha.

Em Londres ele participou de um curso de introdução às artes e também um de máscaras de arame com artista caribenho que trabalha com Carnaval. Com este background ele se especializou em criar plumagens feitas em papel, o que, além de levar a beleza a adereços, é ecologicamente sustentável.

Exemplo de um jogo perfeito no Gres.(Foto: Divulgação)
Exemplo de um jogo perfeito no Gres.(Foto: Divulgação)

Paulo percebeu que o Carnaval é um tema um tanto desconhecido do público internacional quando participou de uma exposição coletiva em uma galeria de artes de Londres. “As pessoas viam as obras dos outros artistas, mas quando chegavam nas minhas, olhavam com preconceito falavam ‘ah, é Carnaval’ e passavam”, lamenta.

O jogo - As cartas representam os diversos componentes das escolas de samba e o objetivo do jogador é combinar as cartas de forma a acumular o maior número de pontos, criando assim o melhor desfile.

O jogo é dividido em duas fases. Na primeira, as cartas são coletadas e combinadas da melhor maneira possível. Esta fase termina quando o primeiro jogador chamar pela Apuração dos resultados.

Cartas do Gres. (Foto: Divulgação)
Cartas do Gres. (Foto: Divulgação)

Quando posicionadas, as cartas são vistas como se fosse um desfile de escola de samba visto do alto. “Eu sempre morei distante dos grandes centros de produção carnavalesca e isso pode ser visto no jogo, já que o desfile de escola de samba é todo visto à distância”, explica.

As regras e a jogabilidade foram todas criadas pelo artista. “Foi interessante. Um dia acordei com o jogo pronto na cabeça. Comecei a pesquisar mais sobre jogos e tudo foi se encaixando”, conta. A ideia é trazer visibilidade visibilidade ao Carnaval e à sua arte.

“Expor aqui (em Londres) é muito difícil. Ainda mais, eu que não tenho formação acadêmica, preciso quebrar essa barreira para ir para a galeria e conseguir visibilidade. O jogo é uma forma de mostrar a arte maneira alternativa e diferente”, justifica.

Paulo também está preparando “um livreto, que vai junto com jogo de cartas, explicando sobre o carnaval, como funciona, para entenderem e compreenderem que não é só um monte de gente na rua, tem história, cultura, tem também a luta do povo da comunidade para mostrar a comunidade negra, marginalizada e pobre. É um momento de fortalecer e mostrar o valor desse povo”, defende.

Para viabilizar a impressão do jogo e do livreto, que terão versão em Português e em Inglês, Paulo precisa de ajuda e criou um financiamento coletivo, para quem desejar apoiar seu projeto. Ele pretende vir ao Brasil em junho para lançar o jogo no Rio de Janeiro e em Campo Grande.

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