Nunca é tarde para realizar algo, prova disso é René que lança livro aos 91 anos
Seu René escolheu o dia do aniversário para lançar livro e comemorar mais um ano de vida
A festa de 91 anos de seu René Sebastião Rosa será no Marco (Museu de Arte Contemporânea), nesta segunda-feira, a partir das 19h. É lançando o livro "Histórias vividas e contadas" que o aposentado contador de histórias escolhe para comemorar a vida e toda a sua trajetória. Prova de que nunca é tarde para realizar um sonho é que com 90 anos, seu René encarou a escrita para narrar em páginas os fatos de sua própria história em paralelo com a do País.
É na varanda da casa onde mora, no bairro Carandá Bosque, em Campo Grande, sentado em uma cadeira de fio, que seu René abre o sorriso e o coração. Busca na memória o que mais lhe marcou e que mereceu ir para o livro, mas sem dar spoilers.
A sugestão de escrever o que conta veio de um médico urologista, com quem seu René faz periodicamente exames e consulta. "Eu sempre fico contando história para ele, da vida, da nação e ele fica escutando. Um dia ele falou: 'René, você tem que escrever um livro, você conta um monte de história que eu estudei, mas não vi essas histórias'", recorda.
A conversa do consultório médico foi o pontapé para que René passasse para o papel o que guarda na memória. "Ele [o médico] me induziu, e como eu escrevi para jornal quando morava em Jardim e também Bela Vista, já tinha mais ou menos a prática de desenvolver um assunto", conta. Os jornais para os quais colaborou seu René foram "O Murtinhense" e o "Tribuna da Fronteira".
O livro começou a ser escrito ano passado e a parte que o aposentado descreve para a gente é de quando aprendeu, através da auto-hipnose, a deixar um vício. No caso dele, o cigarro. Só a história de vida de seu René já dava um livro. Hoje aposentado como auditor fiscal do município, ele também foi sargento do Exército, mas pediu baixa. Terminou o ginásio e fez uma pausa até ingressar no "Normal", como à época era conhecido o que hoje seria Ensino Médio. A universidade veio só aos 50 anos.
Nascido em Ponta Porã, René é casado com dona Erondina, pai de três filhas e avô de três netos. Como espectador da história política do País, não foi ouvindo, mas vendo os fatos se desenrolarem que ele presenciou golpes, e quando a mulher conquistou o direito ao voto.
"Faço referência sobre o golpe de 64 e vários outros episódios, porque assisti eles ao vivo. Não me contaram não, eu estava presente", enfatiza. Quando narra a morte de Getúlio Vargas, as lágrimas não chegam a escorrer, mas enchem os olhos do aposentado. "Minha mãe era admiradora, era Getulista. Quando ele morreu eu abracei a minha mãe e chorei a morte de Getúlio", recorda não só o episódio como a cena do abraço e do choro entre ele e dona Ana Catarina.
Se nunca é tarde para realizar algo e a prova disso é seu livro, René cai na risada e diz que primeiro desenvolvia o raciocínio para depois encontrar as letras sentado ao computador. A entrevista termina com uma poesia que ele cita no livro: ... "quem pensa em perder, perdido está. Quem não confia em si marcha para trás, a força que te impele para frente é a decisão firmada em sua mente".
O lançamento será nesta segunda-feira, às 19h, no Marco, que fica na Rua Antônio Maria Coelho, 6.000. A entrada é gratuita.
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