Criada há 10 anos, Igreja Café honra o nome com bebida até no culto
É mais uma com nome moderninho na cidade e tiração de sarro não supera curiosidade de quem vê o nome
Não, o Lado B não ficou "carola". Mas não dá para deixar passar batido o marketing da fé espalhado por Campo Grande. Depois da Igreja Fit, a gente descobriu a Igreja Café que, para honrar o nome, tem até caneca da bebida durante o culto. O lugar existe há 10 anos e, claro, chama muita atenção pelo nome e, de novo, a estética moderninha na fachada de linhas quadradas e cor escura.
Ao invés do tradicional púlpito, o pastor Leandro Antunes Dôrjo, de 49 anos, aparece durante as pregações atrás de uma mesinha que remete às ideias de cafeterias. Fundador da Café, localizada na Rua Navirai, 649 - Vila Margarida, ele detalha que tudo foi pensado desde o início para que a igreja realmente fizesse sentido e tivesse a bebida tradicional brasileira como um símbolo importante.
“Quando há café, há relacionamento com Deus e as coisas acontecem. Café é relação, é simplicidade e estamos em uma contracultura da formação convencional”, Leandro explica. Significando Comunhão, Amor e Fé, o nome da igreja foi pensado por ele e por sua esposa durante uma conversa e, anos depois, é que a fundação veio.
E, claro, para garantir que a entrevista entrasse no clima, o café saiu só das falas e fez parte da conversa para entendermos sobre mais essa igreja diferente.
De família mineira, com café na mão, o pastor conta que nasceu em Goiás e sempre teve o café muito presente em sua vida como significado de relacionamento. “Aqui, vocês têm muito o tereré, lá, nós temos o café nesse lugar.”
Por isso, quando pensou em criar uma igreja, ele definiu que a ideia teria de ser completamente diferente das outras. Moderna e simples, a café surgiu, de acordo com o pastor, pensando no ponto mais importante das igrejas: o relacionamento.
O café tinha a ver com relacionamento e quisemos trazer isso como uma visão. Café não é nome da igreja, é uma visão de relacionamento. Um relacionamento simples com Deus e que reflete nos outros relacionamentos", Leandro detalha.
Se identificando como um pastor mais próximo dos jovens, Leandro conta que nunca pensou na Café como uma igreja tradicional. “Nós projetamos nos inícios dos cultos uma imagem dizendo que ali não é lugar para pessoas perfeitas. Eu não vou ao púlpito e mudo meu jeito de ser, não quero isso. Quero um relacionamento simples, leve. A religiosidade tem tirado muito disso, tem distanciado as pessoas com o peso.”
Por se orgulhar da igreja e do modo com que os ideais são levados por ali, o pastor conta que nem mesmo chacotas com o nome são levadas a sério. Para ele, tanto quem brinca com o nome de forma irônica quanto quem fica curioso está fazendo com que a igreja siga existindo.
“As pessoas costumam, na maioria, ficar curiosas com o nome. É normal que achem estranho, mas assim elas me dão oportunidade de falar sobre e, geralmente, querem conhecer para ver se realmente é assim”, diz o pastor.
Membro da igreja, o comerciante Danilo Pereira Barbosa, de 30 anos, foi uma das pessoas que não acreditava no nome do espaço.
Me lembro que da primeira vez em que vi a igreja, não acreditei. Eu tinha uma namorada na época e lembro de falar: ‘Meu Deus, as pessoas não tem mais o que inventar'", explica Danilo.
De acordo com Danilo, ele achou tanta graça na época que até brincou que iria entrar no local para pedir um cappuccino. Anos depois, ele voltou à igreja, mas entrou e viu um dos cultos. Desde então, não saiu mais de lá.
“Eu disse que ia entrar em pedir um croissant com cappuccino, mal sabia que iria se tornar minha casa”, completa Danilo.
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