Descarrego e oferenda, em rito do candomblé o desejo é para um 2017 abundante
Um comboio em direção à cachoeira nas redondezas da UCDB, saída para Rochedinho. Para começar o 2017 com o pé direito, o Lado B foi fazer um descarrego, ritual que todo ano o candomblé realiza para reforçar novas e boas energias.
O ritual começa já no caminho. Na primeira parada, a oferenda é feita para Exu, depois Ogum e por fim, Oxum. "A gente vai até a cachoeira para poder descarregar, pegar novas energias e leva o balaio, que é o presente à Oxum", explica a Yalorisa D' ÓSUN, Abadia Rodrigues Nogueira, de 49 anos.
Deusa das águas, do amor e da ternura, o balaio dedicado à Oxum é composto pela comida preferida da orixá, omocolum, além de frutas, espelho, pente, sabonete e perfume.
A cerimônia é um agradecimento pelo ano que se passou e quando também se faz os desejos para 2017. "Agradecemos todos os objetivos que a gente alcançou e as coisas ruins que aconteceram e que nos deram força para continuar", explica Abadia.
Na cachoeira, o balaio é colocado no cantinho e as velas, uma a uma acesas ao redor. Cada participante acende manifestando seu desejo para o ano que está chegando. Em seguida, é a vez de passar pelo banho de frutas, onde começa o descarrego que só termina debaixo da cachoeira.
"Ali tem melão, maçã, banana, uva e pêra cortadinha em cubinhos. A gente passa na pessoa para trazer prosperidade", ensina Abadia. E quem passa pelo descarrego, precisa estar mentalizando os desejos para o ano que está batendo à porta.
E ao passar pela cachoeira, estamos limpos e renovados. "A água é energia, é Oxum. Tudo o que chega de ruim, de energia negativa, ela tira de você, porque a água não tem obstáculo, ela contorna e segue adiante", explica Abadia.
Quem participa do ritual, garante que se começa o ano com mais energias boas. "Com mais força para estar enfrentando tudo o que vai vir e também pedindo para que seja um ano melhor, de paz, de amor, porque tem tanta coisa ruim acontecendo", contextualiza a Yalorisa.
Pela experiência de 10 anos de ritual, Abadia conta que sente a prosperidade e não vê faltar o que comer à mesa. "As pessoas têm uma visão distorcida, mas a gente trabalha o lado positivo, de buscar axé, prosperidade e caminhos", resume. Nós pedimos isso debaixo d'água, que Oxum leve as energias negativas e traga tudo de bom para 2017.
Curta o Lado B no Facebook.